“É um absurdo o que estão fazendo com a Constituição!” – Pesquisador da Fiocruz comenta crise no país

Em live realizada pela Auditoria Cidadã da Dívida, o Dr. Carlos Fidelis Ponte, pesquisador da Fiocruz, deu um importante depoimento sobre o momento de crise que o Brasil atravessa. Além de reforçar o pedido para que todos cumpram as medidas de higiene e isolamento até que a vacinação alcance a maioria dos brasileiros e brasileiras, criticou as PECs que alteram a Constituição trazendo prejuízos à população e clamou por união para que haja a retomada de esperança no país.

“É um absurdo o que estão fazendo com a Constituição. Eles não são constituintes, não foram eleitos para refazer a Constituição. Eles estão usando dessas PECs abusivamente. O foco, a gente viu, não foi o auxílio emergencial. A responsabilidade fiscal tem que incluir o bem-estar, a proteção à vida. Tem que incluir a proteção à soberania! Austeridade? Tem que ser austero contra o desemprego, contra a fome, conta a miséria, a violência… Eles usam nomes bonitos como ‘responsabilidade fiscal’, ‘regra de ouro’, ‘austeridade’ para encobrir um verdadeiro saque aos recursos nacionais”.

(Assista à live completa em https://youtu.be/npEE-wz7E5o?t=219​)

Leia o depoimento:

“Na ausência de vacina, a gente precisa cumprir as medidas de isolamento, de higiene e o uso das máscaras. É o que a gente tem nesse momento. O ideal seria que o governo federal dispusesse de recursos para que as pessoas pudessem ficar em casa, como muitos países fizeram. O Trump inclusive. Os Estados Unidos acabou de apresentar um pacote de 1,4 trilhões de dólares. As pessoas acham aqui no Brasil, talvez pelo vício de uma mentalidade escravocrata, que isso é uma dádiva. Não, isso é proteção da cidadania e proteção do país! Proteção da nossa capacidade de construir um presente e um futuro melhor para todos nós.

O que eles estão fazendo, é colocar, como disse o Guedes, uma granada no bolso da população. E explode uma granada no bolso da população todo dia. É a boiada do Salles passando. É um absurdo o que estão fazendo com a Constituição. Eles não são constituintes, não foram eleitos para refazer a Constituição. Eles estão usando dessas PECs abusivamente. O foco, porque a gente viu, não foi o auxílio emergencial.

A responsabilidade fiscal tem que incluir o bem-estar, a proteção à vida. Tem que incluir a proteção à soberania! Austeridade? Tem que ser austero contra o desemprego, contra a fome, conta a miséria, a violência… Eles usam nomes bonitos como “responsabilidade fiscal”, “regra de ouro”, “austeridade” para encobrir um verdadeiro saque aos recursos nacionais. Eles não querem acabar com o Estado, querem tirar a população do orçamento. Transformar todos em consumidores e ganhar dinheiro com isso.

Nós precisamos acordar. A mentira nos divide, a censura nos coloca medo, a não-ação nos coloca diante de incertezas. Precisamos retomar a esperança! Do jeito que está, não tem futuro. A gente precisa se unir em uma cruzada cívica. Resolver o problema da saúde, resolver o problema da economia no sentido de mudar a noção de desenvolvimento. Não há desenvolvimento sem bem-estar social. Desenvolvimento sem bem-estar social é concentração de renda, é a ampliação da desigualdade.

O país para viver bem precisa de um mercado interno forte. Para ter um mercado interno forte, precisa redistribuir renda. As pessoas precisam ganhar e ter oportunidades iguais e condições dignas para todos. Isso não é pedir demais”.