Encontrados indícios de manipulação de dívida portuguesa
Mercados
CMVM encontrou indícios de manipulação de dívida portuguesa
30.05.2012 – 21:01 Por Lusa
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O Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa confirmou hoje que o regulador do mercado de capitais enviou uma participação relativa a “indícios do crime de manipulação da dívida portuguesa”.
Em resposta à Lusa, o DIAP afirma que “a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários [CMVM] enviou a referida participação para o DIAP de Lisboa, tendo este Departamento instaurado o competente inquérito”, sem, no entanto, prestar esclarecimentos adicionais.
O supervisor do mercado detectou indícios do crime de manipulação da dívida portuguesa num caso que envolve autores que escreveram sobre Portugal num órgão internacional, tendo feito queixa ao Ministério Público, revelou hoje o presidente da CMVM.
Apesar de não se saberem muitos detalhes sobre o caso, Carlos Tavares deu a novidade durante a sua audição na Comissão de Orçamento e Finanças, no Parlamento, revelando que “os indícios de crime de manipulação de mercado foram participados ao Ministério Público [MP]”.
Em causa está um artigo publicado num “prestigiado” órgão de imprensa internacional, que se debruçava sobre a situação económica e financeira de Portugal, abordando a questão da dívida soberana, por “autores que tinham interesse na desvalorização da dívida pública” portuguesa, explicou aos deputados o líder do supervisor.
Esse artigo (publicado num jornal norte-americano, pelo que se deduz das poucas informações disponíveis sobre o caso) teve impacto sobre a cotação da dívida soberana nacional, provocando a sua desvalorização, e os autores (um deles é administrador numa sociedade que tinha em carteira dívida pública portuguesa) fecharam logo depois a sua posição de short selling [vendas a descoberto] sobre os títulos portugueses.
“Este é um caso que conseguimos detectar e contámos com a atitude muito colaborante das autoridades norte-americanas”, revelou Carlos Tavares.
Segundo o líder do supervisor do mercado português, são casos como este que reforçam “a necessidade de tornar este mercado [de dívida] mais transparente”.