Limite dos Juros no Brasil: Prof. Ladislau Dowbor
Economista e Professor da PUC-SP, Ladislau Dowbor foi o primeiro convidado a falar no evento do Núcleo SP da ACD que marcou o Lançamento da Campanha pelo Limite dos Juros no Brasil, no Estado de São Paulo, na última quarta-feira (24). Dowbor reforçou que o Brasil não é um país pobre, visto que em 2021 o PIB brasileiro teve saldo de R$ 8,7 trilhões, o equivalente a R$ 13 mil mensais para cada família brasileira de 3 ou 4 pessoas.
A conta é apenas um exemplo simples para escancarar a desigualdade e mostrar que o país produz o suficiente para que todos vivam de maneira digna e confortável. “Nós temos os recursos, o problema é para onde eles vão: essencialmente para grupos financeiros”, explica, citando ainda que uma dívida pública que não serve para investimentos é uma farsa, pois apenas transfere os nossos impostos diretamente para estes mesmos grupos.
Com dados de pesquisa sobre as taxas de juros referentes a junho de 2022, realizada pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), Dowbor expõe as altas taxas cobradas no Brasil, como os 89,69% anuais praticados no comércio.
“As pessoas pagam quase o dobro de quem tem dinheiro para comprar à vista, e como o grosso da população tem que comprar a prazo, paga esse juro. No cartão de crédito, o rotativo no Brasil é de 390%, lembrando que no Canadá, essa taxa é de 11%. A média de juros para pessoa física é de 120%, enquanto na Europa é de 4% a 4,5% ao ano. Para a pessoa jurídica a média é quase 60%. Nenhuma empresa consegue produzir e dinamizar atividades com essa taxa de juros”, afirma, também criticando o aumento da Selic que esfria a economia do país.
“A retomada do controle financeiro, e daí a importância de uma luta por uma lei que regule os juros de forma decente, envolve essencialmente reorientar os recursos financeiros de especuladores para produtores, financiar investimento, financiar consumo, financiar o Estado e as atividades do Estado, no sentido de infraestruturas e de políticas sociais, tornando o dinheiro produtivo. Esse é o eixo”, finaliza o professor.
Confira a fala completa no vídeo.