O agro é pop para quem?
Lançado na última quinta-feira (13), a terceira fase do dossiê da articulação “Agro é fogo” intitulada “Brasil em Chamas” traz em seus 5 artigos diferentes casos e dados evidenciando o avanço de uma política socioambiental destrutiva no Brasil e em outros países da América do Sul. O material destaca o recente aumento do número de incêndios florestais criminosos, o sofrimento dos povos indígenas, o avanço do desmatamento e os desafios para a retomada e reconstrução após tantos danos ambientais em nosso país. A articulação é composta por movimentos, organizações e pastorais sociais que atuam há décadas na defesa da Amazônia, Cerrado e Pantanal e dos direitos de seus povos e comunidades e você pode conhecer mais no site www.agroefogo.com.br.
Em meio a todo esse caos ambiental, o colunista Guilherme Amado do portal Metrópoles noticia que um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) atendeu a um pedido formal de madeireiros para afrouxar as regras para a exportação de madeira em 2020. A decisão foi derrubada em 2021 pelo ministro Alexandre de Moraes, do Superior Tribunal Federal (STF), que também afastou o então presidente do órgão, Eduardo Bim. A coluna também cita as dificuldades financeiras do Ibama durante o governo Bolsonaro, devido a sucessivos cortes no orçamento de fiscalização. No Pará, estado responsável pelo maior volume de exportação de madeira no Brasil, a redução no repasse foi de 95% no último dado divulgado, em 2019.
Como Fattorelli explica em seu artigo “Eleições e a exploração predatória do agronegócio e da mineração”, o atraso socioeconômico do Brasil se deve, em grande parte, ao abuso das atividades primárias da mineração e do agrobusiness, realizadas de forma predatória em relação ao meio ambiente e voltadas exclusivamente para a exportação de commodities. Este mesmo modelo que é vendido em simpáticos adjetivos como “pop” e “tudo” por propagandas na televisão é um dos responsáveis pelo desmonte ambiental e um dos pilares do que chamamos de Sistema da Dívida. Tudo está conectado e precisa mudar com urgência!