Mesmo com nova regra fiscal, Campos Neto não garante redução de juros
Nesta quarta-feira (5), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, fez declarações sobre o novo arcabouço fiscal. Como destaca o jornal Valor Econômico, a proposta divulgada pelo governo agradou o BC, mas, segundo ele, não garantiria a redução de juros por falta de “relação mecânica” entre os itens.
A ideia do BC continua sendo exigir a limitação dos gastos sociais para que sobre mais dinheiro para o pagamento dos juros, o que deixaria os banqueiros mais satisfeitos e atenderia às “expectativas do mercado”. Repetem o erro de que a inflação brasileira seria fruto de demanda aquecida, como se muita gente estivesse querendo comprar bens materiais e serviços, mas houvesse pouca oferta, o que não existe no Brasil!
Na prática, a notícia passa o recado de que juros baixos, só quando os banqueiros quiserem. Claro, é essa a teoria que melhor os serve, mas sabemos que não é verdadeira, e já explicamos diversas vezes.
Em evento do Esfera Brasil, Campos Neto também falou sobre a questão da dívida pública, tratando o arcabouço fiscal como fundamental para eliminar os riscos de um aumento explosivo na dívida. A contradição está no fato de que o maior fator de crescimento da dívida não está nos gastos sociais, novamente limitados pelo novo teto, mas sim no pagamento de juros e amortizações da dívida pública, que crescem cada vez mais quando os juros aumentam a mando do próprio Banco Central!