GRANDE IMPRENSA DEFENDE QUE BANCO CENTRAL MANTENHA JUROS ALTOS E AINDA “FALE GROSSO”

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Em artigo desta quarta-feira (03), o jornal Estadão insiste em defender a manutenção da alta taxa de juros Selic em 13,75% ao ano, o que pode ocorrer hoje na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). O artigo chega até mesmo a defender que “o BC ainda precisa falar grosso” para defender essa taxa de juros, segundo ele, para combater a inflação e deixá-la dentro da “meta”.

Curiosamente, o próprio artigo admite que o índice geral de inflação (IPCA-15) nos últimos 12 meses foi de 4,16%, ou seja, já está dentro da meta. O jornal relaciona até mesmo diversos motivos que poderiam ser utilizados pelo Banco Central como justificativa para iniciar a redução dos juros, como a valorização do real frente ao dólar, inflação em queda, e a recente vitória da equipe econômica na justiça que aumentará a arrecadação tributária.

Porém, para justificar que “o BC ainda precisa falar grosso”, o artigo cita um item específico do IPCA, o setor de serviços pessoais, que subiu 7,6% em 12 meses, como suposta prova de que haveria risco da inflação estar fora de controle, omitindo, porém, que esse item responde por apenas 10% da formação do índice IPCA.

O artigo também diz que a proposta do arcabouço fiscal agradou ao “mercado”, e chega a defender que no Congresso Nacional a matéria sofra alterações para ficar ainda mais rígida, incluindo até punição para caso de descumprimento de metas de resultado primário por parte do governo. Isso mostra como o apetite do “mercado” (ou seja, os rentistas da dívida pública) não tem limites, pois mesmo que o texto do Projeto de Lei Complementar (PLP) 93/2023 mantenha o teto de gastos sociais, tolerando crescimento real mínimo entre 0,6 a 2,5% ao ano, esse “mercado” ainda quer mais.

O artigo ainda defende que não é a hora de reduzir os juros, pois o Banco Central pode estar sendo precipitado e “desancorar as expectativas futuras”, expectativas essas feitas pelos próprios rentistas. Ou seja, em resumo: as taxas de juros só podem cair quando os beneficiários da dívida pública quiserem. Esse tal “mercado” não se preocupa nem um pouco com a principal despesa do orçamento público, qual seja: gastos com juros e amortizações da dívida pública (nunca auditada integralmente e com inúmeros indícios de ilegalidades), que só no ano de 2022 consumiram R$ 1,879 trilhão, beneficiando uma pequena parcela da população, principalmente rentistas e bancos.

Manter os gastos com a dívida pública sem limite no novo arcabouço fiscal é manter a hegemonia dos interesses de banqueiros e rentistas perante as diversas necessidades da maioria da população, carente de fortes investimentos em saúde, educação, moradia e infraestrutura.É preciso dar uma basta a tudo isso, e colocarmos a dívida pública no centro do debate. Para tanto, precisamos do seu apoio para criação da Frente Parlamentar sobre o Limite dos Juros e a Auditoria Integral da Dívida Pública com Participação Popular. Com apenas um clique envie e-mail a todos/as parlamentares da Câmara dos Deputados pedindo que assinem o requerimento da criação: https://auditoriacidada.org.br/pressione-pela-criacao-da-frente-parlamentar-sobre-o-limite-dos-juros-e-a-auditoria-integral-da-divida-publica-com-participacao-popular/