Notícias diárias comentadas sobre a dívida – Semana de 28.03 a 01.04.2011

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Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 31.03.2011

O Jornal Estado de São Paulo mostra que o Banco Central (BC) reconheceu grandes problemas denunciados na CPI da Dívida. Um deles é o fato de o BC consultar membros do mercado financeiro para estimar variáveis como inflação e juros. Segundo o jornal:

Os críticos da pesquisa apontam que ela funciona como mecanismo de pressão do mercado financeiro sobre a condução da política de juros.”

O jornal mostra quais serão as mudanças: “O BC também vai dividir a amostra em três grandes grupos, o que garantirá uma “fotografia” mais clara dos cenários traçados pelos diversos grupos econômicos e facilitará a identificação de onde saem movimentos significativos de alterações nas previsões. Para cada um dos grupos – bancos, gestoras de recursos e demais (como corretoras, consultores e setor produtivo) -, o BC vai apresentar os dados separados da pesquisa.

Diferenças. O BC identificou que a visão dos agentes econômicos sobre as expectativas de inflação é heterogênea, o que, em teoria, leva a cenários distintos, ligados aos incentivos que cada um tem – por exemplo, maior ou menor lucratividade com juros altos. Essa alteração já foi introduzida no relatório de inflação trimestral, divulgado ontem, e será colocada também nas atas das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

Ou seja: verifica-se que o Banco Central reconheceu como válidas as críticas feitas há muito tempo pela Auditoria Cidadã da Dívida, sobre o BC consultar rentistas para definir variáveis que são utilizadas pelo COPOM (Comitê de Política Monetária do BC) na definição dos juros, o que beneficia os próprios rentistas.

Outro grave problema denunciado pela Auditoria Cidadã da Dívida também foi reconhecido pelo Banco Central: a utilização de juros altos para combater uma inflação causada pela chamada “indexação” (como os preços administrados pelo próprio governo) e pela alta internacional do preço dos alimentos.

O Jornal O Globo de hoje mostra que o BC admite que estes preços não podem ser combatidos por meio de juros altos, e por isso já admite deixar a inflação superar a meta de 4,5% neste ano.

Embora estas mudanças no BC não signifiquem uma alteração significativa na política de juros (que continuarão sendo os maiores do mundo por um bom tempo), elas provam que as críticas feitas à condução desta política estavam corretas.

BC muda pesquisa para obter mais transparência 

Autor(es): Adriana Fernandes e Fábio Graner
O Estado de S. Paulo – 31/03/2011

BC VÊ PRESSÃO GIGANTESCA SOBRE OS PREÇOS EM 2011 

INFLAÇÃO GANHA O 1º ROUND
Autor(es): agencia o globo: Vivian Oswald
O Globo – 31/03/2011

 

Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 29.03.2011

O Portal G1 confirma os alertas constantes na edição de 9/12/2010 deste boletim, de que o Brasil pode comprar títulos da dívida de Portugal, sob a justificativa de combater a crise da dívida que afeta aquele país.

Ao mesmo tempo em que anuncia cortes de gastos sociais e alega a impossibilidade de aumentar o salário mínimo, as aposentadorias e os salários dos servidores públicos, o governo brasileiro acena com a ajuda financeira a Portugal, para que este país tente refinanciar sua questionável dívida.

Conforme mostra o Jornal Correio Braziliense, o governo cancelou concursos públicos e não aceita reajustar a Tabela do Imposto de Renda acima de 4,5%, enquanto a defasagem já chega a 54% frente à inflação. Tudo isso para viabilizar recursos para o pagamento da dívida.

Ou seja: o povo brasileiro, além de pagar o custo da questionável dívida brasileira –  sofrendo com a carência de serviços públicos básicos, como saúde, educação, reforma agrária, etc – agora poderá pagar também o custo da questionável dívida de Portugal, contribuindo para salvar bancos, que agora especulam contra o próprio país, cobrando altos juros para refinanciar a dívida portuguesa.

As dívidas dos países europeus também se multiplicam devido à opção de reduzir drasticamente os impostos sobre os mais ricos: de 1995 a 2010, a alíquota máxima sobre a renda das empresas portuguesas caiu de 40% para 26,5%, conforme mostra Relatório da Comissão Européia (pág 31).

No Brasil, ao mesmo tempo em que qualquer aumento de gasto social ameaça a meta do “superávit primário”, os investimentos  em títulos de dívida pública de outros países não influenciam tal meta, razão pela qual podem ser feitos sem limite.

Caso se confirme esta compra de títulos portugueses pelo Brasil, muito provavelmente isso será fortemente explorado pelo governo como mais uma suposta prova da “independência” do Brasil, que agora estaria salvando da crise a sua antiga Metrópole, e se tornando credor dela.

Porém, os recursos que o Brasil tem destinado para comprar títulos de outros países (como os EUA) têm sido obtidos às custas de aumento da dívida interna, que paga os maiores juros do mundo, às custas do povo.

‘Vamos fazer tudo o que for possível’, diz Dilma sobre ajuda a Portugal
Portal G1 – 29/03/2011 15h23 – Atualizado em 29/03/2011 17h18
Natasha Bin – Do G1, em Coimbra (Portugal)

12.413 VAGAS CANCELADAS  

Autor(es): Cristiane Bonfant
Correio Braziliense – 29/03/2011

Defesa da correção em 4,5%

Autor(es): Josie Jeronimo
Correio Braziliense – 29/03/2011