GRANDE IMPRENSA E “MERCADO” PEDEM FIM DA REDUÇÃO DE JUROS ALEGANDO AUMENTO DAS “EXPECTATIVAS DE INFLAÇÃO”

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Quando já não encontram nenhuma razão para manter a SELIC em patamar tão elevado, surge essa infame alegação baseada em “EXPECTATIVAS DE INFLAÇÃO”, porém, quase 90% da inflação de 2024 não tem relação alguma com excesso de demanda!
Nas últimas semanas, a grande imprensa e o “mercado” (ou seja, os grandes bancos que especulam com títulos da dívida pública e que são consultados pela grande mídia) têm alegado que as “expectativas de inflação” têm aumentado, e que por isso as taxas de juros teriam que parar de cair, segundo eles, para desencorajar o consumo e, assim, fazer os preços caírem, mantendo a inflação sob controle. Porém, mesmo considerando as expectativas do mercado (divulgadas em 14/6/2024), a inflação para 2024 deve ser de menos que 4%, ou seja, abaixo do limite da meta de inflação deste ano, de 4,5%.
Além disso, analisando os diversos componentes da inflação, ponderados pelos seus respectivos pesos no índice geral de inflação (IPCA), verificamos que 88,9% (quase 90%) da alta de preços ocorrida nos primeiros 5 meses de 2024 se devem a fatores que nada tem a ver com uma suposta demanda aquecida, mas decorrem de aumento de preços de alimentos (devido a fatores climáticos e à priorização da agricultura de exportação), e de preços administrados pelo próprio governo (taxas de água e esgoto, combustíveis, medicamentos, planos de saúde, serviços de telecomunicações), ou preços que simplesmente refletem a inflação passada (cursos regulares).
Este é o cerne da verdadeira manipulação e desvio de finalidade da política de juros, o que tem sido denunciado pela Auditoria Cidadã da Dívida (ACD) há décadas, pois além de afetar negativamente toda a economia do país, os juros elevados provocam a explosão da dívida pública “interna” de forma totalmente ilegítima.
Atualmente, o Brasil possui taxa de juros reais (“Taxa Selic” menos a inflação) de mais de 6% ao ano, cerca do triplo dos EUA e bem mais que o triplo da Zona do Euro.
O “mercado” também tem chantageado com o aumento da cotação do dólar para pressionar corte de investimentos sociais para que sobre mais dinheiro para juros, e o governo cai na armadilha, mantendo o “arcabouço fiscal”, e atacando os pisos constitucionais da saúde e educação.
Tudo isso evidencia o grande equívoco de analistas que, depois disso tudo, ainda dizem não haver necessidade de auditoria da dívida pública brasileira. Será que não enxergam sua ilegitimidade e ilegalidade?
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