Grande imprensa continua dando voz aos rentistas da dívida pública
Na semana passada, os jornais continuaram dando repercussão à expectativa do “mercado” (ou seja, dos rentistas da dívida pública) de alta da inflação, alegando que isso seria o resultado de uma demanda superaquecida na economia, o que obrigaria o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central a manter ou até mesmo subir a atual taxa de juros básica (Selic), de 10,5% ao ano, para supostamente conter essa demanda e assim controlar a inflação.
Dentro deste esquema, a taxa de juros é, portanto, determinada pelos próprios rentistas da dívida pública, aos quais interessa diretamente a alta dos juros. Sobre isso, reportagem do Valor Investe reconhece que a manutenção (ou até mesmo a possibilidade de alta) dos juros tem feito com que os mais ricos aumentem os seus investimentos em “Renda Fixa”, ou seja, aplicações baseadas principalmente em títulos da dívida pública.
A atual Taxa Selic de 10,5% ao ano faz com que o Brasil tenha uma taxa de juros reais (descontada a inflação) de de 7,36% ao ano, uma das maiores do mundo, e várias vezes superiores que as taxas reais de países como Estados Unidos (1,75%), França (0,82%), Alemanha (0,55%), Portugal (0,03%), enquanto países como o Japão possuem taxas reais negativas (-1,88%).
Porém, as notícias da grande mídia não revelam que a inflação no Brasil não tem sido causada por uma suposta demanda aquecida, mas principalmente por preços administrados pelo próprio governo (combustíveis, energia), e outros preços que também não caem com a alta de juros (ver postagem anterior, disponível aqui).
#auditoriaja