Privatiza que melhora: moradora recebe conta de água de mais de R$ 10 mil

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Mais uma da série “privatiza que melhora.” Na comunidade da Favela do Nove, na Vila Leopoldina (SP), moradores foram surpreendidos por contas de água que chegam a valores exorbitantes, como o caso de Maria Helena, que recebeu um boleto de mais de R$ 10 mil. A situação, longe de ser isolada, afeta diversas famílias da região, que já convivem com a precariedade de infraestrutura.

“Eu quase enfartei porque moro sozinha em dois cômodos e não tenho como pagar essa conta. Quero uma solução,” relatou Maria Helena ao site do g1: Outros moradores apontam problemas semelhantes, como erros na medição e a cobrança incorreta de tarifas residenciais em vez da tarifa social, destinada a famílias de baixa renda.

A regularização das conexões de água e a instalação de hidrômetros pela Sabesp, iniciada em 2021, deveriam ter sido um passo importante para garantir acesso ao saneamento básico. Contudo, a falta de critérios adequados nas cobranças e a desconsideração da realidade socioeconômica dessas comunidades expõem a fragilidade do processo.

A situação ganha contornos ainda mais preocupantes com a privatização da Sabesp, realizada em um processo controverso e criticado por especialistas. O controle da companhia foi transferido para o grupo Equatorial Energia, em condições questionáveis, como apontado pelo deputado Paulo Fiorilo: “As ações foram vendidas por um valor inferior ao de mercado, gerando uma possível perda de R$ 1,8 bilhão ao estado.”

Além disso, a privatização coloca em risco a manutenção de tarifas sociais e a qualidade dos serviços para populações vulneráveis. A lógica de maximizar lucros frequentemente ignora as necessidades básicas de quem mais depende desses serviços.

O acesso à água, um direito humano essencial, não pode ser transformado em privilégio.

Via @sintaema_sc