Reforma da Previdência e Capitalização: especialistas alertam sobre riscos em live da ACD
Na noite de 8 de setembro, a Auditoria Cidadã da Dívida (ACD) reuniu especialistas para discutir “O Sistema da Dívida e a reiterada ameaça à Previdência Social”, em mais uma atividade de celebração de seus 25 anos. O encontro virtual destacou como as reformas da Previdência, a precarização do trabalho e os fundos de capitalização estão inseridos em uma engrenagem que privilegia o pagamento de juros, em detrimento dos direitos sociais.
Logo na abertura, o economista José Menezes Gomes lembrou que o chamado déficit da Previdência não passa de uma construção ideológica. Segundo ele, insistir na privatização apenas alimenta o mercado financeiro. “A maior fake news da história é dizer que a Previdência pública é insustentável. Essa narrativa serve para empurrar trabalhadores para os fundos de pensão, que nada garantem”, afirmou.
A professora Juliana Teixeira reforçou essa perspectiva ao mostrar como o desmonte da CLT e a chamada uberização do trabalho esvaziam as contribuições sociais. Para ela, a precarização trabalhista abre caminho para a capitalização. “Quando se desmontam direitos, fragiliza-se também a Previdência, deslocando recursos para um sistema que só favorece o capital”, observou.
Na sequência, a assistente social Viviane Perez apresentou um retrato preocupante do INSS, onde servidores sobrecarregados convivem com barreiras crescentes impostas à população. Esse cenário, destacou, evidencia o caráter perverso das chamadas contrarreformas. “Essas medidas não ampliam direitos, elas retiram. O resultado é o sofrimento da população e o adoecimento dos trabalhadores”, com consequências extremas entre os servidores, denunciou.
O professor José Augusto Lyra também criticou os mecanismos que retiram receitas da seguridade social. Ele considera incoerente alegar déficit em meio a esse desvio de recursos. “O próprio Estado desvia receitas e, depois, justifica novas reformas alegando falta de recursos”, disse.
Ao moderar a mesa, o jornalista e psicólogo Felipe Pena chamou atenção para a disputa de narrativas. Ele lembrou que muitos jovens passaram a ver o vínculo CLT como ofensa, reflexo de uma manipulação ideológica. “O imaginário coletivo foi sequestrado, e a Previdência Social se tornou alvo de desprezo em nome de uma falsa ideia de empreendedorismo”, avaliou.
O encerramento ficou a cargo da coordenadora nacional da ACD, Maria Lucia Fattorelli, que reforçou a ligação direta entre os ataques à Previdência e o Sistema da Dívida: “A narrativa do déficit é construída para justificar cortes em direitos e liberar recursos para o pagamento de juros. Defender a Previdência é defender a vida e a dignidade do povo brasileiro”.