Economista Miguel Bruno, doutor em Ciências Econômicas e referência em macroeconomia, desmonta argumentos contrários à ACD
Alguns afirmam que os dados sobre a dívida pública brasileira já estariam todos publicados e transparentes, não sendo necessária uma auditoria. Porém, o Banco Central de um Estado burguês publica todos os dados e com a máxima transparência? Não é assim que o poder econômico-financeiro atua, especialmente num Estado capturado por um processo de financeirização usurária e subordinada às finanças internacionais ainda sob hegemonia do dólar. Onde estão os nomes dos grandes rentistas?
A importância da auditoria reside também no impacto conscientizador da população leiga no tema que lhe afeta o cotidiano e sua vida econômica, mas que desconhece os processos institucionais internos e os verdadeiros objetivos da gestão da política monetária no Brasil.
Alguns também dizem que “a auditoria já é feita com frequência”. Essa é outra forma de expressar ignorância. A auditoria realizada pelo TCU não é completa, ela não atinge todos aspectos do processo de produção de dívida pública como principal eixo da acumulação rentista-financeira no Brasil. De um modo geral, os economistas precisariam estudar mais contabilidade pública e financeira, que não dominam. E os não economistas estudarem mais a fundo as razões para as exorbitantes taxas de juros reais em nosso país.
Em primeiro lugar, a dívida pública não é emitida apenas para controle de liquidez através do mercado aberto. Ela está por trás da plataforma de revalorização rentista-financeira em que o sistema bancário-financeiro privado se converteu a partir da estabilização da inflação com o Plano real.
Em geral, os argumentos contrários a auditoria são frágeis e repetitivos. Para não dizer até enfadonhos e errados. Não reconhecem que a própria negação da relevância de uma auditoria da dívida pública é já uma posição tendenciosa. As elites rentistas e proprietárias de bancos agradecem a esses “papagaios” negacionistas.
A auditoria pode e deve ser realizada em prol não apenas do setor produtivo, mas do Brasil e de seu explorado povo.
Miguel Bruno, Doutor em Ciências Econômicas
