Governo levanta a bola para Banco Central manter juros altos

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A fala desta terça-feira (25) do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, defendendo a manutenção dos juros altos, expõe mais uma vez a distorção estrutural da política monetária brasileira. Ao afirmar que recebeu um “comando legal” para perseguir meta de inflação de 3% (que na verdade vai até 4,5%), Galípolo revela que esse comando foi definido pelo governo via Conselho Monetário Nacional (CMN), composto majoritariamente por ministros do presidente Lula. Ou seja, o mesmo governo que já criticou o juro alto também criou as justificativas para mantê-lo elevadíssimo.

Também foi o CMN que reduziu a meta, mantendo no cálculo a alta de preços administrados pelo próprio governo (combustíveis, energia, dentre outros) e alimentos, que nada têm a ver com “demanda aquecida”. Além disso, o Decreto Presidencial 12.079 de 2024 mudou a forma de apuração da meta, permitindo que o Banco Central alegue “descumprimento” mês após mês — mesmo quando a inflação anual ainda está dentro do limite.

Galípolo também recorre às projeções do Relatório Focus, editado por participantes do mercado financeiro, como se fossem bússola obrigatória da política monetária. Na prática, terceiriza ao próprio mercado — o maior beneficiado pelos juros altos — a orientação das decisões que afetam toda a população.

A Auditoria Cidadã da Dívida já alertava em post anterior (aqui ): a política de metas equivocadas, somada ao Decreto Presidencial de 2024, levanta a bola para o BC manter juros nas alturas, mesmo que a inflação de 2025 esteja abaixo de 4,5%, e nos últimos anos se deva principalmente a fatores que nada tem a ver com excesso de demanda. O resultado é uma política que responde aos interesses do mercado, e não às necessidades do povo, fazendo multiplicar uma dívida que não serve para financiar investimentos sociais.

#auditoriaja