Auditoria Cidadã da Dívida é discutida em evento internacional contra FMI no Peru

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Nos dias 7, 8 e 9 de outubro, aconteceu em Lima, no Peru, o evento “Plataforma Alternativa frente ao Banco Mundial: Desmentindo o milagre peruano e o Fundo Monetário Internacional”. O seminário reuniu palestrantes internacionais, dentre os quais, a coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli, que abordou a relação entre as políticas econômicas implementadas pelo FMI na América Latina e o consequente surgimento de dívidas públicas ilegítimas e de tamanhos astronômicos, que continuam a crescer na grande maioria dos casos, na primeira apresentação do painel “Lições sobre o ajuste estrutural desde a América Latina”.

Evento no Peru reuniu palestrantes da Bélgica, EUA, Argentina, Brasil e Peru.A situação econômica do Brasil foi citada, inclusive, por outros palestrantes internacionais, como o professor da universidade de Columbia, em Nova York e co-presidente da “Initiative for Policy Dialogue” Joseph Stiglitz. “O Brasil inventou uma nova fórmula de não-
crescimento: Taxas de juros super elevadas. Nenhuma indústria pode crescer, ninguém pode começar um novo negócio”. O economista explicou que o papel do Estado é fundamental, pois o mercado não trabalha no vácuo e precisa de regulação. Afirmou também que à medida que um país vai exportando suas riquezas minerais, vai se empobrecendo. “Até sob uma perspectiva puramente econômica se deve investir pesadamente em educação e na redução das desigualdades, pois sem esses fatores o desenvolvimento e o lucro ficam prejudicados,” ressaltou.

Durante os três dias, também se discutiu acerca do panorama do financiamento das inversões estruturais na região, sobre novos sistemas de alerta a impactos ambientais e sociais por projetos financiados pelo Banco Mundial, também a respeito do setor energético e os seus impactos nas mudanças climáticas e nos conflitos sociais, a necessária proteção aos direitos das crianças nos impostos do Banco Mundial, investimentos e segurança territorial dos povos indígenas do Peru, responsabilidade fiscal e o novo marco para o desenvolvimento, desafios das desigualdades no Peru e na América Latina, casos de ingerência do Banco Mundial por meio de suas políticas no Peru, políticas de ajuste estrutural e o impacto no emprego, transparência e participação como alternativa ao modelo extrativista do Banco Mundial e dimensões sociais e ambientais da presença chinesa na América Latina, políticas educativas do Peru.

Aconteceu, também, uma mesa redonda estratégica sobre a incidência dos direitos humanos no desenvolvimento, organizada pela Coalização para os Direitos Humanos no Desenvolvimento. Apresentou-se a campanha “Que as transnacionais paguem o justo” e falou-se sobre tendenciais globais do financiamento para infraestrutura e seus impactos no desenvolvimento sustentável e nos direitos humanos. O papel da instituições financeiras internacionais foi amplamente debatido. Houve exposições acerca da crise da dívida e os aprendizados que devem ser tirados das experiências na Europa e na América Latina.

Dentre os palestrantes internacionais, além da coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dìvida, Maria Lucia Fattoreli, e do professor da Universidade de Columbia, Joseph Stiglitz, também estavam presentes o professor Eric Toussaint, da Universidade de Lieja, na Bélgica, e autor de diversos livros sobre as implicações sociais das políticas econômicas neoliberais; Hugo Arias Palacios, professor universitário e membro do movimento mundial contra a dívida ilegítima, do Equador; e Martín Guzmán, professor da Universidade de Buenos Aires e membro do grupo de investigação “Externalidades Macroeconômicas” do Instituto por Novo Pensamento Econômico (INET).