Auditoria Cidadã participou de importante evento no Clube de Engenharia

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AEPET NA RIO+20: PALESTRAS NO CLUBE DE ENGENHARIA

Data: 20/06/2012
Fonte: Redação AEPET
Autor: Renata Idalgo e Julio Cesar de Freixo Lobo

 

http://www.aepet.org.br/site/noticias/pagina/8794/AEPET-NA-RIO20-PALESTRAS-NO-CLUBE-DE-ENGENHARIA

 

Nesta terça-feira e quarta-feira, 19/06 e 20/06 aconteceram vários debates no Clube de Engenharia dentro das programações da Rio+20. A Casa da América Latina convidou o vice-presidente da AEPET, Fernando Siqueira para falar sobre Petróleo:Produção de Forma Sustentável no dia 19/06. Também foram realizadas dia 19 as palestras: Capitalismo e Sustentabilidade com o engenheiro civil, Luiz Carlos Santos, que descreveu uma equação do homem com a terra e a Insustentabilidade do Capitalismo com o professor Eduardo Serra da UFRJ. No dia 20 foram palestrantes, o professor da Coppe(UFRJ), físico, Luiz Pinguelli Rosa, a economista, Maria Lúcia Fatorelli e o vice-presidente da AEPET, Fernando Siqueira. Como coordenador da Mesa do Debate ficou o Presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian.

 

PETRÓLEO SUSTENTÁVEL

 

Segundo Fernando Siqueira, a ideia é que para explorar o pré-sal tem que ser uma empresa como a Petrobrás, uma estatal controlada pela sociedade.”As empresas privadas do cartel internacional não têm controle de ninguém e o pior controlam os governos onde atuam e com isso abrem mão da segurança em favor da economia nas operações.”Para que o pré-sal seja explorado de forma segura só pela Petrobrás, uma empresa de economia mista que leva muito a sério a segurança num regime de monopólico estatal do petróleo”.

 

Siqueira afirma que a palestra trata dos perigos de uma continuação dos leilões, com a contratação de empresas estrangeiras que não se preocupam com o meio ambiente e nem com a integridade dos campos, elas querem apenas lucro em e favor do lucro abrem mão da segurança”

 

CAPITALISMO INSUSTENTÁVEL

Para Eduardo Serra-professor da UFRJ e membro do CC do Partido Comunista Brasileiro – PCB, o eixo da sua palestra que ele chama de Sustentabilidade e Capitalismo ou da Insustentabilidade do Capitalismo, é a identificação das causas profundas da questão ambiental e da constatação da gravidade da situação.”A forma capitalista faz com que as empresas busquem cada vez mais produção para sustentar níveis de consumo cada vez mais elevados e atuem no sentido de garantir seus suplementos de energia e matérias-primas Esta forma é responsável pelo esgotamento das reservas naturais, pelo uso da terra e água como se fossem mercadorias como outras quaisquer, que faz com que estas a reservas se esgotem. A Idea da apresentação é falar sobre estas causas e fazer uma crítica ao que se apresenta como solução fácil como por exemplo responsabilizar cada de um de nós pela questão ambiental, culpabilizar as pessoas porque deixam as torneiras ligadas ou não calibram os pneus do carro. A ideia é mostrar que o capitalismo é o responsável pela fragilidade das instituições mundiais, da Onu e pelo fracasso da Rio+20”, disse.

EQUAÇÃO

A palestra Capitalismo e Sustentabilidade com o engenheiro civil, Luiz Carlos Santos, descreveu uma equação do homem com a terra.“O objetivo é olhar o problema da questão ambiental um pouco de cima, da terra como um todo e não como habitualmente se trata. A gente parte somente de dados do Congresso que são dados da realidade e vamos através de um modelo matemático tentar chegar a uma conclusão do que se pode ser feito no sentido de inverter o caminho que estamos indo que conduz à degradação da terra. Qual é a principal ação a ser implementadas para que essa evolução de degradação seja revertida? Uma das conclusões do trabalho é que a solução para o problema da humanidade é a redistribuição da renda, e ai a gente acaba tendo que retirar renda de uma parte da população e a Rio +20 está sendo tratada pelas pessoas que terão que perder rendas, isso a coloca em contradição. Não saiu nada da Cop 15 e nem sairá nada da Rio+20”, finaliza Luiz Carlos

 

ENERGIA SUSTENTÁVEL

 

O físico Luiz Pinguelli Rosa, afirmou estar descrente na viabilidade das discussões que estão acontecendo na RIO+20, uma vez que os assuntos estão sendo tratados de uma maneira vaga. “A única proposta viável da RIO+20 é a projeção de solucionar a miséria como uma das prioridades dos problemas da humanidade”. Segundo Pinguelli, o Brasil é um dos países do mundo que tem uma fonte de energia com grande potencial de ser renovável, onde quase a metade da matéria prima da infraestrutura produtiva está ligada a modos de produção de energia renovável. Ele não se posiciona contra a Usina de Belo Monte, uma vez que a energia hidrelétrica no Brasil pode chegar a 50% de eficiência, enquanto os outros tipos de energia podem chegar no máximo a uma eficiência energética de 30% como é o caso da cana de açúcar. Sobre a questão da teoria do aquecimento global defendida por inúmeros cientistas, o físico diz que a ciência não é um modelo exato e por isso deve se averiguar todas as variantes das várias teses, mas é preciso que se tenha cuidado com as mudanças nas condições materiais do planeta.

 

CRISE GLOBAL E DÍVIDA PÚBLICA

 

A economista, Maria Lúcia Fatorelli, falou sobre a crise global e o problema da dívida pública do Brasil. Para Fatorelli, a crise é mundial além de ser não somente econômica é também social, alimentar e ambiental. Segundo ela, o aspecto financeiro é o mais visível deste problema, uma vez que há uma grande concentração de capital para o setor das finanças, principalmente com proliferação dos derivativos e o socorro dos governos aos grandes conglomerados econômicos e financeiros. Sobre a dívida pública do Brasil uma das propostas feitas por Fatorelli é a auditoria cidadâ deste endividamento, uma vez que atualmente 45% do orçamento da União é usado para o pagamento dos encargos da dívida brasileira. Por esta razão não sobram recursos para as áreas prioritárias como saúde, educação, meio ambiente e saneamento básico. Segundo a economista, por isto os setores de serviços básicos e sociais ficam privados da boa qualidade para a população. “Durante todo o período recente da história brasileira a dívida só tem aumentado mesmo com as constantes mudanças de governos sejam eles democráticos ou não”, disse.

 

PETRÓLEO

 

Fernando Siqueira fez sua exposição sobre a questão do petróleo em que destacou que um dos grandes problemas da humanidade atualmente é a sua dependência em relação ao petróleo.Siqueira destacou que além de ser um recurso finito é também um elemento poluidor do meio ambiente, mas por causa do comodismo dos formuladores das políticas de energia serão necessários uns 30 anos para encontrar substitutos para este tipo de combustível que tem se mostrado eficiente em relação a outros tipos energias. Siqueira falou ainda da luta em defesa da Petrobrás e da eficiência desta empresa em relação a segurança operacional na produção do petróleo. Segundo ele, isso não ocorre em outras companhias estrangeiras que não tem o componente de ser controlada pela sociedade como um fator importante. O vice-presidente da AEPET afirmou que a luta pela volta do monopólio da Petrobrás é uma das bandeiras da entidade, mas a sociedade civil ainda não está bem informada dos interesses em questão como a soberania brasileira sobre os recursos naturais.

 

Uma das questões levantadas pelos expectadores das palestras é que apesar da qualidade das exposições feitas no debate. Qual a definição do tema debatido durante a RIO+20 como Desenvolvimento Sustentável e Energia Sustentável? Maria Lúcia Fatorelli disse que o meio ambiente está relacionado com o mundo real e por isso todos os fatores econômicos, sociais e financeiros devem ser discutidos para que as pessoas entendam as causas e busquem alternativas para uma mudança nesta crise global.

 

http://www.clubedeengenharia.org.br/novo/sustentabilidade.php

 

Sustentabilidade energética e financeira

Um debate amplo, que englobou questões financeiras, energéticas, de consumo, de governança e transparência política trouxe ao Clube de Engenharia, em parceria com a Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), a economista Maria Lucia Fattorelli, do movimento Auditoria Cidadão da Dívida; o físico Luiz Pinguelli Rosa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Fernando Siqueira, vice-presidente do Clube de Engenharia e da AEPET e Francis Bogossian, presidente do Clube.

Pinguelli destacou a má distribuição de renda no país e no mundo e o mito de que a sociedade da informática gasta menos energia. “Existe um mito de que a nossa sociedade eletrônica, digital, desmaterializada é sustentável, esquecendo que os aparelhos foram antes produzidos. Gastou-se energia para fazer. Isso tudo com um índice de obsolescência altíssimo. Nada é feito para durar mais de três anos e isso tudo gasta muita energia”. A energia também foi o foco da exposição de Siqueira, que falou do que chamou de “dependência irresponsável” do petróleo, que além de poluente, é finito. “Precisaríamos de cerca de 30 anos de intensos investimentos em pesquisas para substituirmos essa dependência. É por isso que é importante usarmos com todo cuidado e atenção o petróleo que ainda nos resta, já que somos obrigados a conviver com ele”. Siqueira alertou para a necessidade de que o ritmo de produção seja definido pelas necessidades do país e não pelos interesses financeiros e a importância de não fazer concessões à segurança em nome do lucro. “É preciso que essa produção seja feita exclusivamente pela Petrobras, uma empresa estatal, que investe na tecnologia nacional e tem o controle da população brasileira”.

Maria Lucia Fattorelli expos as nuances das armadilhas do mercado financeiro e da dívida pública nacional, que hoje engole quase 50% do orçamento geral da união, sangrando recursos preciosos da sociedade e mantendo o Brasil, a sexta economia mundial, com a 3ª pior distribuição de renda e no 84º lugar no que se refere ao respeito aos direitos humanos. Fattorelli também falou da necessidade da amplitude do debate: “Falar de sustentabilidade é falar da vida do planeta como um todo. É um equívoco achar que ela está ligada apenas à questão ambiental. O setor financeiro se sobrepôs a tudo e o mundo gira para levar cada vez mais recursos para esse setor enquanto 10 milhões de pessoas passam fome no Brasil. A financeirização está tão exacerbada, domina tudo de tal maneira, que nem mesmo as informações que chegam até nós pela grande mídia escapam desse controle. Garantir a vida digna no planeta é compreender o tabuleiro inteiro e todos os seus atores”.