CNBB lança cartilha explicativa sobre a dívida pública brasileira
Nesta terça-feira (26), um importante e eficiente canal de mobilização social e conscientização popular para debater questões sobre a dívida pública, seus verdadeiros propósitos e impactos começa a se construir.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dentro do Ano Nacional do Laicato, e em parceria com a Auditoria Cidadã da Dívida lançou a cartilha Círculos Bíblicos: “Auditoria da Dívida Pública: vamos fazer?”. Uma publicação que estimula a reflexão e a formação de lideranças multiplicadoras.
Responsabilidade compartilhada
O secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich, ressaltou que essa iniciativa marca a participação ativa da igreja dentro da sociedade e como fomentadora de debates e reflexões sobre a situação do país.
“Que nosso momento seja rico para que a partir da palavra de Deus, sejamos sal e luz”, discorreu.
O presidente da Comissão Especial para o ano Nacional do Laicato, bispo Severino Clasen, enviou mensagem de agradecimento à Auditoria Cidadã da Dívida pela contribuição e desejou que essa iniciativa contribua para a construção de uma sociedade mais justa.
“Chega de fomentar os que dormem e vivem as custas do sofrimento humano”, afirmou.
A importância do tema da dívida pública em ano eleitoral também foi lembrada pelo membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Daniel Seidel.
“É importante estarmos ligados para às propostas, analisando aqueles comprometidos com a realização de uma auditoria da dívida pública”, reforçou.
Ele completou dizendo que a ideia é também fazer um trabalho de esclarecimento nas escolas públicas e privadas para mobilizar principalmente os jovens.
O representante do Conselho Nacional do Laicato, Luiz Henrique, acredita que o trabalho de mobilização ajuda no debate e conscientização sobre as raízes da injustiça social no país.
“Precisamos fazer com que esse conteúdo e essa discussão cheguem até nossas bases. Cabe a nós, transformar a realidade que nos cerca”.
A dívida como ferramenta multiplicadora de desigualdades
A coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli, fez uma breve análise da conjuntura política, econômica e social e destacou a forma como a dívida está vinculada aos problemas mais viscerais do país.
Ela lembrou que enquanto o governo fala em vender empresas públicas e estatais para arrecadar R$ 44 bilhões, que servirão para pagar dívida, mecanismos financeiros como swap cambial deram, em um ano, o prejuízo de R$ 120 bilhões.
“Diante disso, é uma infâmia o governo vir a público apresentar uma reforma da previdência e demais projetos geradores de dívida pública como solução para a falta de recursos”, frisou.
Fattorelli destacou que essa iniciativa da CNBB, junto às pastorais, marca um momento muito especial da luta da Auditoria Cidadã da Dívida Pública.
“A igreja católica está presente nas comunidades em todo o país, atuando na formação de agentes mobilizadores, críticos e conscientes do seu papel social”, lembrou, destacando que ao abraçar a luta pela auditoria da dívida, ajudam não somente na popularização, como também colocam em destaque o tema em âmbito nacional.
O membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Daniel Seidel, acrescentou que esse debate deve estar presente durante a manifestação popular do “Grito dos Excluídos”, dentro da ideia da dívida como entrave para nosso desenvolvimento.