Inflação de setembro é usada como desculpa para aumentar juros

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A grande imprensa voltou a defender o aumento dos juros, e em um ritmo ainda maior, de 0,5% na próxima reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária), formado por diretores do Banco Central (BC). Como sempre, a grande imprensa cita “especialistas” que na verdade são rentistas da dívida pública, segundo os quais a inflação (IPCA), que apresentou alta de 0,44% em setembro, seria resultante de uma suposta demanda aquecida, que deveria ser contida por meio da alta de juros.

Porém, analisando-se os dados do IBGE, e ponderando-se o índice geral do IPCA pelo peso de cada item, verificamos que 85% dessa inflação de setembro se deveu a fatores que nada têm a ver com uma suposta demanda aquecida, mas sim, devido ao aumento da tarifa de energia elétrica (com a mudança da bandeira tarifária para a cor vermelha, devido à queda no nível dos reservatórios), alta de alimentos (também devido à falta de chuvas) e outros preços que também não caem com a alta de juros: taxa de água e esgoto, combustíveis domésticos (em especial o gás de botijão), remédios e planos de saúde.

A taxa básica real de juros brasileira é a segunda maior do mundo (perdendo apenas para a Rússia, em guerra), tem feito explodir os pagamentos de juros para os rentistas da dívida pública, e tem sido justificada – equivocadamente – por um suposto combate à inflação.

Já passou da hora de realizarmos uma profunda auditoria da dívida, com participação da sociedade, que investigue tudo isso a fundo.

A Auditoria Cidadã da Dívida (ACD) reafirma a urgência da aprovação do Projeto de Lei Complementar 104/2022, que propõe o fim da “Bolsa Banqueiro” e prevê teto de 12% de juros ao ano (ou o dobro da Selic, o que for menor) para quaisquer financiamentos, para pessoas e empresas!