Agro puxa o PIB pra cima. Mas à custa de que? Veja quem ganha e quem perde com isso

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O BNDES anunciou aumento de 100% na carteira de crédito destinada ao financiamento do agronegócio, passando de 4 para R$8 bilhões. O argumento é que essa é uma maneira de lidar com os desafios previstos para o Agro em 2024, incluindo expectativas de diminuição das safras devido às mudanças climáticas. Resumindo, para o Agro, tudo. Para os demais setores, a escassez.
O agronegócio teve um papel significativo no crescimento do PIB em 2023, no entanto, passa muito longe de ter sido por conta própria, mas sim devido aos privilégios e benefícios concedidos a este setor em detrimento de outros, como o meio ambiente, por exemplo.
Desde isenções fiscais na exportação até benefícios em relação ao crédito com taxas de juros irrisórias, o setor agropecuário é mimado com uma série de vantagens que outros setores não desfrutam. A gestão ambiental, como denunciam os servidores do meio ambiente mobilizados em todo o Brasil, está se esfacelando por falta de estrutura, profissionais e funcionalismo mal remunerado, sem reajustes significativos há mais de 10 anos.
Mas os problemas não param por aí! O agronegócio, muitas vezes, utiliza recursos naturais de forma desenfreada e irresponsável. O uso indiscriminado de água (e de graça!), a devastação de florestas, cerrado e outros biomas para expansão das áreas agrícolas são práticas recorrentes. Além disso, o uso intensivo de agrotóxicos envenena o solo e as águas, comprometendo a saúde das pessoas e do meio ambiente.
E não podemos ignorar as denúncias de trabalho escravo e desrespeito aos direitos dos povos originários que estão intrinsecamente ligadas ao setor agropecuário.
O agronegócio, apoiado pelo BNDES, tem sido conivente com violações graves dos direitos humanos, em nome do lucro e da expansão descontrolada. É urgente repensar o papel do BNDES e suas políticas de financiamento, para que não continuemos incentivando práticas predatórias que comprometem o futuro das próximas gerações.