AUMENTAR JUROS NÃO CONTROLA O TIPO DE INFLAÇÃO DO BRASIL

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Altas na taxa enriquecem os rentistas da dívida pública

Nos últimos dias, a grande imprensa noticiou a inflação (IPCA/IBGE) de outubro como uma suposta prova de que a diretoria do Banco Central estaria certa em aumentar – e em ritmo ainda maior – a taxa básica de juros (Selic), para conter a inflação. Segundo esta visão, as pessoas estariam consumindo muito (demanda aquecida), e assim pressionando os preços para cima, razão pela qual seria necessário um aumento no custo de financiamentos e empréstimos, para desestimular o consumo.

Porém, na verdade, quando analisamos os dados oficiais do IBGE (disponíveis aqui e aqui ), verificamos que 76% da inflação acumulada de janeiro a outubro (3,88%) se devem a fatores que não possuem relação com uma suposta demanda aquecida, mas sim a altas de alimentos (devido a fatores climáticos e à priorização da agropecuária de exportação), preços administrados pelo próprio governo (combustíveis, energia, taxa de água e esgoto, medicamentos, Planos de Saúde, telecomunicações) e tarifas bancárias.

Sobre este último item, é interessante comentarmos que o setor financeiro no Brasil – marcado por um oligopólio de grandes bancos – aumentou suas tarifas em nada menos que 8% de janeiro a outubro, ou seja, MAIS QUE O DOBRO DA INFLAÇÃO DO PERÍODO, tendo sido responsável por quase a metade de toda a inflação do item “despesas pessoais” do IPCA. E depois alegam que a inflação (especialmente a de serviços) estaria muito alta, para defender altas de juros, quando na realidade deveria haver uma forte regulamentação desse setor no país.

Portanto, as altas de juros decididas pela diretoria do Banco Central – que impactam fortemente as despesas e o estoque da dívida pública – são um forte fator de ilegitimidade dessa dívida, que não tem financiado as áreas sociais, mas tem servido apenas para pagar a própria dívida.

#auditoriaja