Confraternização celebra 25 anos da Auditoria Cidadã da Dívida em noite de emoção, arte, cultura e fé

A comemoração dos 25 anos da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD) reuniu militantes, apoiadores e convidados em uma noite marcada por emoção, arte e reflexão, no auditório da delegacia sindical (DS-Brasília) do Sindifisco Nacional. O evento, conduzido pelo jornalista Beto Almeida, celebrou o encerramento das atividades alusivas às celebrações de um quarto de século da entidade, que se tornou referência nacional e internacional na luta pela auditoria da dívida pública com participação cidadã, transparência e justiça fiscal e social.

Logo na abertura, o anfitrião destacou a trajetória da ACD e a importância de seu papel no debate público sobre a dívida brasileira. Em seguida, o presidente da DS-Brasília, auditor-fiscal Antônio Elias, deu as boas-vindas aos presentes e lembrou a dimensão da luta encampada pela coordenadora nacional, Maria Lucia Fattorelli, desde o início dos anos 2000, ressaltando a urgência de discutir o uso dos recursos públicos e o peso dos juros no orçamento nacional.

Em um dos momentos mais emocionantes da noite, Maria Lucia Fattorelli fez um discurso repleto de gratidão e memória. Visivelmente emocionada, iniciou suas palavras homenageando a filha Laura, a quem agradeceu pela presença constante na trajetória da ACD. Fattorelli recordou a infância da filha, quando, ainda menina, ajudava a coletar votos no plebiscito de 2000 pela auditoria da dívida. “Ela participa dessa luta desde os dez anos de idade”, contou, arrancando aplausos do público.

A coordenadora também fez questão de agradecer aos voluntários, entidades apoiadoras, equipe que cuida das atividades da ACD, além de parceiros históricos, representantes de núcleos nos estados e todas as pessoas que de alguma forma participaram da construção da ACD ao longo desses 25 anos.

Em um discurso que misturou emoção e firmeza, Fattorelli reafirmou o compromisso da entidade com a justiça social e a soberania nacional, denunciando o Sistema da Dívida como mecanismo de concentração de riqueza e desigualdade. “Não é possível que um país tão rico como o Brasil conviva com tanta injustiça e até fome. É urgente virar esse jogo e colocar a economia a serviço da vida”, afirmou.

O professor uruguaio Ramiro Chimuris, presidente da Rede Internacional de Cátedras sobre a Dívida Pública, também emocionou o público ao relembrar a importância global da luta encabeçada pela ACD e ao afirmar que Maria Lucia é um exemplo para toda a América Latina, o Caribe e além, já tendo atuado na Grécia e inspirado outros países.

Na sequência, teve início a celebração ecumênica, coordenada pela colaboradora Josy, do Movimento de Educação de Base (MEB), e pelo padre Gabrielle. Citando distintas tradições religiosas, o ato simbolizou a união espiritual de quem luta por justiça social e pela revisão das dívidas dos povos. Uma vela foi acesa como sinal de esperança e luz para guiar os caminhos, enquanto leituras bíblicas e de tradições budista, indígena, afro-brasileira/quilombolas, lembraram o compromisso com a solidariedade e a dignidade humana.

A celebração contou ainda com a participação de Rafaela, jovem mulher negra e assentada da reforma agrária, que representou a voz dos povos oprimidos. Em um depoimento marcante, ela denunciou o “saque institucionalizado” do Sistema da Dívida e defendeu uma economia voltada ao bem viver coletivo. A fala foi seguida por leitura de ensinamentos do Papa Francisco sobre a ilegitimidade das dívidas financeiras e ecológicas, encerrando-se com o Pai-Nosso e uma bênção coletiva sobre os compromissos futuros da entidade, com a distribuição de fitinhas verdes que os presentes colocaram no pulso.

Em seguida, o advogado dr. Ulisses Riedel, que prestigiou o evento com sua honrosa presença, proferiu ao público uma breve mensagem, ressaltando a importância da reflexão espiritual em um evento político tão importante.

Após o momento espiritual, a noite seguiu em clima de confraternização, com apresentações musicais de Arun, Eduardo Zanata, Jeferson (Jessinho), Fernando Moraes &, Rodrigo Ávila (Com participação de Fattorelli na música Romaria) e Pablo Mereles; poesia popular, com Gisella Collares, e cordel (de Gustavo Dourado), tudo relacionado ao tema da auditoria da dívida.

Encerrando, tivemos o corte do bolo de 25 anos — doado por Laura, filha de Fattorelli, em um gesto simbólico de afeto e continuidade geracional.

A festa foi o ponto alto de um ciclo de eventos realizados desde  1º de setembro (8 lives e 2 mobilizações de rua), publicações e manifestações de autoridades e representantes de dezenas de entidades da sociedade civil nacional e internacional.

Mais do que uma comemoração, a confraternização dos 25 anos reafirmou o compromisso da Auditoria Cidadã  da Dívida com a verdade, a justiça fiscal e o sonho coletivo de um Brasil mais justo e soberano.