Dia Internacional da Mulher: um resgate histórico – Enio Pontes
* Enio Pontes
“É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta”. A frase proferida pela escritora, filósofa e ativista francesa Simone Beauvoir, ainda nos anos 1960, certamente representou a antecipação das enormes conquistas que as mulheres iriam alcançar nas décadas seguintes. Aproveito a data para homenageá-las, resgatando um pouco da história de brasileiras ilustres que ajudaram a construir o nosso país.
É fundamental reconhecer que nas atividades que participam, as mulheres têm se destacado pela competência, pelo talento e, sobretudo pelo cuidado em fazer bem feito qualquer atribuição ou tarefa. Talvez pouca gente saiba, mas a Imperatriz do Brasil, Dona Maria Leopoldina, exerceu a Regência interinamente, em 1822, na ausência de D.Pedro I, que encontrava-se em viagem a São Paulo. Numa correspondência ao marido, ela exigiu que o marido proclamasse a independência do Brasil. Com uma metáfora o advertiu: “O pomo está maduro, colhe-o senão apodrece”.
Já no início do Século XX, em 1917, a professora Deolinda Daltro, fundadora do Partido Republicano Feminino, liderou uma passeata exigindo a extensão do voto às mulheres, mesmo tendo ferrenha oposição das oligarquias à época. Em 1932, Getúlio Vargas, asseguraria o voto feminino nas eleições. A luta da professora Deolinda Daltro contribuiu para que as mulheres pudessem exercer o direito de escolher os seus representantes.
Em 1933, elege-se a primeira mulher e única mulher parlamentar, entre os 214 deputados eleitos, Carlota Pereira de Queiroz. Ela abriu caminho para a participação efetiva da mulher na vida política brasileira. É fato que ainda hoje o número de mulheres no parlamento é bem aquém do desejado, mas os espaços estão sendo preenchidos com muita qualidade.
No esporte o protagonismo das mulheres começou a ser destacado nos anos 1960, com a ascensão da tenista Maria Esther Bueno ao seleto panteão das campeãs dos grandes torneios internacionais de tênis, como Rolan Garros, Wimbledon e o US Open. Atualmente uma geração fantástica de atletas nos orgulham nos mais variados esportes, quer sejam individuais ou coletivos.
Nos anos 1970, tempos difíceis, denominados “anos de chumbo”, teve a participação efetiva das mulheres no combate à ditadura militar. A estilista, Zuzu Angel, denunciou as arbitrariedades cometidas pelos militares ficando conhecida internacionalmente por atribuir aos militares o “desaparecimento” do filho, Stuart Angel, que ingressou na luta armada contra o regime autoritário.
Em 1983, em pleno processo de abertura política e redemocratização do país, é aberto em São Paulo os primeiros Conselhos Estaduais da Condição Feminina, com a finalidade de traçar políticas públicas para as mulheres. Em resposta à pressão dos movimentos femininos, o governo federal criou o Programa Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM).
Nos anos 1990 foram de importantes conquistas para as mulheres. Em 1990 Júnia Marise foi eleita a primeira mulher Senadora da República do Brasil. Em 1994 elege-se no Maranhão, Roseana Sarney, a primeira mulher governadora de um estado brasileiro.
Os anos 2000 estão sendo marcados por vitórias importantes, como a nomeação de Marina Silva, em 2003, para o cargo de Ministra do Meio Ambiente. E para finalizar esse breve histórico sobre as conquistas das mulheres, destaco a eleição de Dilma Rousseff para o mais importante cargo do Executivo, a Presidência da República.
Enfim, sem dúvida alguma ainda há muito a ser conquistado e muitos preconceitos a serem vencidos e derrubados. Todavia, quis enfatizar, em tom de homenagem, a história extraordinária de tantas mulheres que ajudaram e ainda cooperam para tornar a nossa sociedade mais igual, tolerante e democrática.
Fica aqui o meu reconhecimento e gratidão a todas as mulheres, professoras, funcionárias públicas e privadas, ativistas, mães, esposas, companheiras. Todas guerreiras!
* Prof. Enio Pontes de Deus é secretário Geral da ADUFC- Sindicato e coordenador Estadual do Núcleo da Auditoria Cidadã da Dívida – Ceará