É preciso recuperar o papel do Banco Central, diz professor Miguel Bruno em live especial da ACD
Na 7ª live especial pelos 25 anos da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD), o economista Miguel Bruno, doutor em Ciências Econômicas e referência em macroeconomia, fez uma contundente análise sobre a atuação do Banco Central (BC) e sua relação com o Sistema da Dívida.
Segundo ele, o Brasil vive um processo de financeirização extrema, em que as finanças servem apenas a si mesmas e às elites rentistas. Desde os anos 1980, o Estado brasileiro se subordinou estruturalmente às finanças privadas, nacionais e internacionais, abrindo mão de um projeto soberano de desenvolvimento e consolidando um modelo que favorece o setor bancário em detrimento da produção e do emprego.
“O Brasil é um exemplo emblemático de captura do Estado nacional pelos interesses do setor bancário e das elites rentistas”, afirmou Bruno. Para ele, a autonomia concedida ao BC apenas aprofunda essa captura, tornando-o uma instituição antidemocrática, que atua para garantir a rentabilidade do capital financeiro.
O economista destacou que a política de juros altos não combate a inflação, mas sim penaliza o investimento produtivo e a indústria nacional. “A inflação brasileira é de custos, não de demanda. A Selic elevada apenas impulsiona a acumulação rentista”, explicou.
Miguel Bruno defendeu uma reforma urgente do sistema financeiro, com o Banco Central retomando seu caráter público e o compromisso com o desenvolvimento. “A mãe de todas as reformas é a reforma do setor financeiro”, afirmou, reconhecendo o papel essencial da ACD ao expor como o endividamento público serve ao rentismo.
O professor Miguel Bruno reconheceu a importância e o papel da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD) em diversos momentos de sua fala. Ele afirmou que “o trabalho da ACD é fundamental, inclusive para explicar e conscientizar a população sobre o que o Banco Central está fazendo”, destacando que a entidade contribui para desvelar a atuação do sistema financeiro e a lógica rentista que domina a política monetária. Miguel Bruno também criticou as tentativas de desqualificação do trabalho da ACD, afirmando que “as críticas à Auditoria Cidadã não me convenceram do ponto de vista científico” e que muitos economistas apenas repetem discursos sem base sólida. Em outro trecho, reforçou a necessidade de se realizar uma auditoria da dívida pública, reconhecendo que “mesmo que todos os registros contábeis estivessem corretos, isso serviria para explicitar à população o papel nocivo da política monetária atual”. Suas declarações deixam evidente o respeito e o reconhecimento à relevância técnica e social da atuação da Auditoria Cidadã da Dívida.
➡️ Assista à live na íntegra: