Em artigo para o Valor Econômico, jornalista mostra como política de juros no Brasil desincentiva empreendedores e beneficia rentistas

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A história fictícia contada pelo jornalista Pedro Cafardo no artigo “Por que o sr. D agradece a Tombini, Ilan e Campos Neto” revela uma realidade incômoda: no Brasil, com as altas taxas de juros, é mais seguro viver de renda do que empreender. O protagonista, Sr. D, após receber uma bolada de R$ 3 milhões ao se aposentar, optou por aplicar o valor em um fundo de renda fixa ao invés de abrir uma pequena metalúrgica, sua ideia inicial.
Com o passar dos anos, ele observou seu saldo crescer sem esforços, alcançando R$ 6,19 milhões, mesmo após realizar diversos resgates mensais. D preferiu a segurança dos juros elevados e abandonou a ideia de criar um negócio que poderia gerar empregos e movimentar a economia.
A história reflete um dos principais efeitos da política de juros adotada pelo Banco Central nas últimas décadas. A Auditoria Cidadã da Dívida tem criticado amplamente essa postura, alertando que a manutenção de taxas de juros reais elevadas incentiva comportamentos rentistas e inibe o investimento em negócios que poderiam trazer um retorno significativo para o Brasil.
Essa política é, na verdade, um escândalo para o desenvolvimento econômico do país. Ao invés de fomentar empreendedores que poderiam gerar empregos e fortalecer a economia, ela privilegia o acúmulo de riquezas por aqueles que podem viver de aplicações financeiras. Enquanto isso, o Brasil perde a oportunidade de criar novas empresas e indústrias.
O problema é claro: enquanto o capital se multiplica sem esforço, o país permanece estagnado em seu potencial de crescimento. E isso, como mostra a história de Sr. D, tem muito a ver com a política de juros altos defendida pelos presidentes do Banco Central ao longo da última década.