Extra Classe: “Combater os golpistas que depredaram a nossa economia também se faz necessário”, por Maria Lucia Fattorelli

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No momento em que ainda estamos todos estarrecidos diante dos atos terroristas que depredaram as sedes dos três Poderes da União, em Brasília, no domingo 8 de janeiro de 2023, é necessário voltar a falar sobre a ameaça à democracia em nosso país. Mas há outros agentes golpistas que precisamos combater, pois depredam nossa economia. Eles não depredam prédios públicos, mas dilapidam nossa economia para obter lucratividade abusiva.

Estamos ainda distantes da plena democracia, caracterizada pela igualdade de oportunidades e vida digna para todas as pessoas, com instituições públicas atuantes e completamente voltadas ao nosso desenvolvimento socioeconômico e pautadas pela ética e respeito à Constituição Federal, às pessoas e ao meio ambiente.

Dentre as distorções da nossa incipiente democracia é preciso ressaltar a atuação do modelo econômico que atua no país, cujos eixos principais – Sistema da Dívida, política monetária suicida do Banco Central, modelo tributário regressivo e modelo de exploração agrícola e mineral predatórios, voltados para exportação de commodities – produzem escassez para a imensa maioria da nossa população, como abordado no artigo “Só existe democracia quando há igualdade de oportunidades”.

Tem sido fundamental a reflexão que veio à tona a partir do ataque às sedes dos três Poderes da União, porém, não podemos menosprezar o fato de que a verdadeira democracia está diretamente ligada ao equilíbrio na distribuição dos recursos e à igualdade de oportunidades para todas as pessoas, como trato no artigo “Desigualdade social, ausência de democracia e ditadura do capital”.

O grande capital financeiro é avesso à nossa caminhada em direção à plena democracia e tenta atravancar essa caminhada sob os mais absurdos argumentos.

Justamente quando vivemos um inaceitável aprofundamento das desigualdades sociais no país, com milhões na miséria e passando fome, o que levou o novo governo a se esforçar para aprovar a Emenda Constitucional 126 (PEC da Transição) para garantir o pagamento de Bolsa-Família de R$600,00 para milhões de miseráveis em nosso país, o mercado financeiro ameaça, com inúmeras publicações de que tal medida representaria uma piora das expectativas e já anuncia que os juros no país se manterão na casa dos dois dígitos por 8 anos!

Tudo serve de desculpa para elevar os juros. O Banco Central já vem elevando a taxa básica de juros SELIC desde 2021, sob a falsa justificativa de controlar a inflação. A inflação caiu por causa da redução de tributos sobre combustíveis e energia, mas o Banco Central continuou mantendo os juros elevados.

Agora sofremos essa absurda tentativa de golpe de Estado, com invasão dos mais significativos prédios públicos da União, e, nesse contexto, o capital financeiro mais uma vez leva vantagem e transforma tudo isso em “oportunidade” para ganhos ainda maiores.

Vários veículos de comunicação já noticiam que a instabilidade, a divisão política e a tensão social “mantém os prêmios de risco altos”. Admitem que o Brasil paga rendimento “bastante alto para os padrões dos mercados emergentes”, mas, apesar disso, dizem que talvez um “prêmio de risco adicional nos ativos brasileiros seja esperado diante da possibilidade de um nível maior de polarização política”.

Leia o artigo completo no Extra Classe