Extra Classe: Eleições e política monetária suicida, por Maria Lucia Fattorelli
Dando continuidade à serie de artigos iniciada com Eleições e Modelo Econômico, neste artigo vamos tratar da Política Monetária adotada pelo Banco Central, a qual constitui um dos importantes eixos que sustentam o modelo econômico que atua no Brasil, produzindo escassez para a maioria do povo. É fundamental que a sociedade compreenda os eixos que sustentam esse modelo, a fim de dialogar com seus respectivos partidos e candidatos nesse período eleitoral.
O Banco Central tem funcionado como uma correia de transmissão de recursos públicos para bancos, prejudicando as contas públicas e toda a sociedade brasileira, amarrando a economia e aumentando o desemprego e o desespero da população.
Todos esses danos decorrem das elevadíssimas taxas de juros praticadas no Brasil, além da escassez de moeda e outros graves prejuízos gerados pela política monetária suicida aplicada pelo Banco Central, voltada para atender aos interesses do mercado financeiro.
O Banco Central passou a disparar a taxa básica de juros (Selic) desde março/2021, sob a falsa justificativa de “conter a inflação”. Dados do IBGE comprovam que a inflação existente no Brasil decorre principalmente da elevação de preços administrados pelo próprio governo e de alimentos, e, evidentemente, tais preços não se reduzem quando o Banco Central eleva os juros.
O próprio Banco Central publicou que cada aumento de 1% da Selic gera R$ 34,9 bilhões de gastos com juros anuais da dívida líquida do setor público! Esse dinheiro sangra o orçamento público e prejudica o atendimento das necessidades sociais urgentes! Considerando que de março/2021 a junho/2022 o Banco Central já subiu a Selic em mais de 11% (de 2 para 13,25%), e ainda pode aumentar mais nos próximos meses, verifica-se que essa alta da Selic corresponde a um rombo aos cofres públicos que chega a quase R$ 400 bilhões por ano!
Adicionalmente, ao elevar a Selic, todas as demais taxas de juros praticadas no país – sobre títulos públicos, empréstimos em geral, operações de crédito bancário, cheque especial, cartão de crédito etc. – também se elevam, tornando caríssimo o custo do dinheiro, o que vem impedindo a sua circulação saudável, além de amarrar toda a economia e prejudicar todos os setores produtivos que necessitam de acesso a crédito, em especial as pequenas e médias empresas e indústrias.
Obviamente, a elevação da taxa básica de juros Selic pelo Banco Central tem sido inócua para controlar a inflação que existe no país, que segue aumentando, pois decorre de outros fatores intocados, ou seja, elevação de preços administrados (principalmente combustíveis, devido à política de preço de paridade de importação adotada pela Petrobras desde 2016, a qual calcula o preço dos combustíveis de forma fictícia e extremamente onerosa, como se estivéssemos importando todos os combustíveis consumidos no país, quando na realidade cerca de 94% é produzido aqui) e alimentos (devido a erros de políticas agrícola e agrária que privilegiam o grande agronegócio de exportação em detrimento da segurança alimentar do povo brasileiro)!
Mas o Banco Central insiste em repetir a mentira e seguir disparando a Selic, prejudicando toda a economia do país e nos empurrando para o agravamento da crise fabricada por essa mesma política a partir de 2014.
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