GRANDE IMPRENSA CITA INFLAÇÃO DE 2024 PARA TENTAR JUSTIFICAR JUROS ALTOS
Na última sexta feira (10/1/2025), os jornais destacaram a divulgação do número final da inflação (IPCA) de 2024, de 4,83%, argumentando que ficou acima da meta de 4,5%, e que por isso o Banco Central estaria correto em sua política de aumento de juros. Porém, não se discute nas notícias qual seria a eficácia de juros altos para combater tal inflação, que na visão do Banco Central seria causada por um suposto excesso de demanda, que seria contida aumentando-se a “Taxa Selic”.
Porém, analisando-se os aumentos de preços de cada produto/serviço (mais aqui ) e os pesos de cada um no índice geral da inflação (mais aqui), verifica-se que a maior parte (70%) dessa inflação de 4,83% se deveu a fatores que nada tem a ver com uma suposta demanda aquecida, como alimentos e preços administrados pelo próprio governo.
O item que mais contribuiu com a inflação foi a alimentação – devido a fatores climáticos e à política agrícola priorizando a exportação – que subiu 7,7% no ano passado, atingindo brutalmente as famílias mais pobres. A especulação com o câmbio, feita livremente pelos rentistas da dívida pública para pressionar o governo e Congresso a aprovarem os cortes de gastos sociais – enquanto o governo não utiliza seus instrumentos de controles sobre fluxos especulativos – também contribuiu com a alta de alimentos.
Completam o conjunto de 70% da inflação (causada por fatores alheios à demanda aquecida) os combustíveis, taxa de água e esgoto, pedágio, medicamentos, plano de saúde, cigarros, comunicação e serviços bancários. Sobre este último item, é interessante destacar que os bancos aumentaram as suas tarifas em 8,03% no ano passado, sendo que depois o Banco Central costuma usar o argumento de “inflação nos serviços” para justificar juros altos. Cabe ressaltar também que os demais componentes da inflação (que respondem pelos 30% restantes do índice geral de 4,83%) também podem ter encarecido devido a alta de custos, por exemplo, juros de financiamentos, que aumentam com a alta da “Taxa Selic”.
Portanto, mais uma vez, verifica-se a ilegitimidade das taxas de juros definidas no país, que são o principal fator gerador de dívida pública, também, em grande parte, ilegítima.
É necessário limitar juros em lei, e acabar com a “Bolsa Banqueiro” (ou seja, o pagamento destes juros absurdos aos bancos), aprovando o Projeto de Lei Complementar 104/2022. Participem da Enquete Oficial da Câmara (aqui).
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