Monitor Mercantil: “Desigualdade social, ausência de democracia e ditadura do capital”, por Maria Lucia Fattorelli
A luta pela verdadeira democracia vem sendo realizada de forma lenta, e alguns passos dessa trajetória são muito recentes e incompletos, pois ainda estamos longe da igualdade de direitos e, principalmente, muito distantes da igualdade de oportunidades para todas as pessoas.
Poderíamos fazer inúmeras abordagens sobre a ausência de igualdade de oportunidades. Por exemplo, na questão de gênero, como falar em democracia se há menos de 100 anos as mulheres sequer eram consideradas cidadãs, e somente após a Constituição de 1988 deixaram de ficar submetidas ao cabeça do casal?
Na questão racial, a abolição da escravatura é também fato recente na história da humanidade, e até os dias atuais o ranço dessa violência está presente e faz com que simplesmente pela cor da pele as pessoas sejam discriminadas, assassinadas, perseguidas e não tenham as mesmas chances que as de pele clara.
Na abordagem política, a igualdade de oportunidades também está a léguas de distância do que se poderia chamar de democracia. O tão aclamado direito ao voto individual e secreto perde completamente o seu valor quando a pessoa que vota não tem acesso a educação e informação que lhe permita fazer escolhas conscientes; não tem condições mínimas de vida que lhe garanta o atendimento às suas necessidades básicas, de tal forma que ela é obrigada a correr atrás de seu sustento; e nem consegue compreender a conjuntura de forma lúcida, além de ficar sujeita às ofertas de compra de votos e outras influências abusivas.