O Sistema da Dívida e o desmonte do Estado, apesar dos recordes de arrecadação tributária
A Auditoria Cidadã da Dívida realizou, nesta quinta-feira (18/09), um debate da série especial de lives pelos seus 25 anos, trazendo reflexões sobre como o Sistema da Dívida tem operado como engrenagem central no desmonte do Estado brasileiro, atravessando governos e servindo a um projeto neoliberal que prioriza o rentismo em detrimento da população.
Abrindo a live, Maria Lucia Fattorelli, coordenadora nacional da ACD, ressaltou que “o privilégio da dívida explica por que o Brasil bate recordes de arrecadação e, ainda assim, desmonta serviços públicos essenciais”. Para ela, não há como enfrentar as desigualdades sem romper com esse mecanismo que subordina todo o orçamento.
Em uma palestra muito esclarecedora, Maria Aparecida Meloni, a Papá, lembrou que “adiar a redução da desigualdade tende a torná-la mais difícil no futuro”, reforçando que as escolhas de priorização orçamentária têm consequências sociais irreversíveis.
Na sequência, a economista Gisella Colares destacou o impacto direto do desmonte sobre o IBGE: “a redução de concursos e de orçamento compromete a produção de informações estratégicas para o país”, alertando para a perda de capacidade do Estado em formular políticas públicas com base em dados confiáveis.
Mesmo com problemas de conexão, Matias Bakir Faria, presidente do Sindifisco-MG, participou da live trazendo um conteúdo essencial sobre Minas Gerais. Ele reforçou a crítica à política tributária regressiva: “os que mais pagam proporcionalmente são os mais pobres, enquanto grandes fortunas e lucros seguem blindados”.
Já o consultor Vladimir Nepomuceno apontou que “o desmonte do serviço público não é improviso, mas parte de um projeto que visa reduzir o Estado a mero repassador de recursos ao sistema financeiro”.
Por fim, o jornalista Anderson Gomes sintetizou o espírito do debate ao afirmar que “desvendar o Sistema da Dívida é condição para mobilizar a sociedade contra um modelo que perpetua privilégios e destrói direitos”.
Em resumo, a live reafirmou que enfrentar o Sistema da Dívida é enfrentar a raiz do desmonte do Estado, condição indispensável para reconstruir a soberania e garantir justiça social.