Contradição: em audiência no Senado, Banco Central critica Auditoria Cidadã da Dívida, mas um dia depois implementa medida cobrada pela entidade

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Em audiência pública na terça feira, 25/6/2019, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, a representante da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli, denunciou que a política monetária do Banco Central é a responsável pela crise econômica, ao manter altas taxas de juros, além de recolher e remunerar com taxas generosas a sobra de caixa dos bancos, que deveria estar sendo destinada para empréstimos a juros baixos a pessoas e empresas.

Este recolhimento se dá principalmente por meio das “operações compromissadas”, que no final de maio retiravam de circulação R$ 1,3 trilhão, e representam mais uma fatia ilegítima da dívida interna federal. Outro mecanismo semelhante é o chamado “recolhimento compulsório”, que também remunera recursos dos bancos.

Durante a audiência, representantes do Banco Central e do governo acusaram a representante da Auditoria Cidadã de desconhecimento técnico, e discordaram do diagnóstico de Fattorelli, se eximindo de culpa diante da crise que já fez o país cair 7% do PIB em 2015/2016 e provoca a estagnação nos últimos anos.

Porém, surpreendentemente, no dia seguinte, 26/6/2019, o Banco Central divulgou nota informando que “decidiu reduzir a alíquota do recolhimento compulsório sobre recursos a prazo em dois pontos percentuais, de 33% para 31%.”, para injetar na economia R$ 16,1 bilhões.

Ainda segundo a Nota, “a alteração aproxima mais a alíquota dessa modalidade de recolhimento aos níveis históricos praticados nos anos anteriores à crise de 2008.”

Portanto, apesar de tal volume de recursos liberados ser muito menor que o necessário, vemos que na prática o diagnóstico da Auditoria Cidadã da Dívida é levado a sério até mesmo pelo Banco Central, apesar da retórica apresentada pelos representantes do governo na Audiência Pública.