Dívida federal chega a R$ 1,495 trilhão em março

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O Jornal O Globo noticia a reunião do presidente Lula com vários ministros para “afinar o discurso” contra um reajuste maior que 7% para os aposentados que ganham mais de um salário mínimo. Descontada a inflação (medida pelo INPC), o reajuste é de apenas 3%. Lula rejeita até mesmo um reajuste de meros 7,7% (sob a justificativa de que ele custaria R$ 700 milhões anuais para o INSS), afirmando que isso comprometeria as contas da Previdência. Usando suas costumeiras metáforas, afirmou que “ao colocar no prato das pessoas, tenho que saber a quantidade de comida que tem na panela”.

Cabe então comentarmos que boa parte da comida dessa panela tem sido destinada ao prato de alguns poucos privilegiados, por meio do instrumento da DRU – Desvinculação das Receitas da União, que no ano passado retirou R$ 39 bilhões da Seguridade Social, para garantir o cumprimento das metas de superávit primário. Para termos uma idéia desse valor, ele permitiria um aumento 55 vezes maior que o reajuste tão temido pelo presidente Lula (de 7% para 7,7%).

Para negociar com o Congresso, o governo prepara uma nova proposta: garantir o reajuste de 7,7% apenas para aposentados que ganham entre 1 e 3 salários mínimos, e baixar para 6,14% o reajuste dos que ganham mais de 3 salários mínimos. Além de tal proposta dividir os aposentados (jogando “pobres contra remediados”), ela ainda é enganosa, pois analisando-se as estatísticas do INSS, verifica-se que dessa forma o governo gastaria menos do que com um reajuste único de 7%.

Posteriormente, o Portal G1 noticiou os resultados da reunião: o governo endureceu ainda mais e apenas aceitará um reajuste de 6,14%.

O Portal G1 também noticia o desfecho de um processo já previsto em edições anteriores desta seção: a Grécia cedeu à pressão dos “mercados” e recorreu ao pacote do FMI. Após as chantagens dos rentistas e das “agências de risco”, aumentando fortemente as taxas de juros exigidas nos empréstimos àquele país, o governo grego solicitou acesso a empréstimos dos países do Euro e do FMI.

A notícia também mostra que os sindicatos gregos já denunciam as consequências deste acordo: cortes de gastos públicos.

Por outro lado, quando são os banqueiros que entram em dificuldades, imediatamente os governos do mundo inteiro – inclusive da União Européia – lhes disponibilizam trilhões de dólares, sem condicionalidade alguma.

Lula faz reunião sobre reajuste de aposentados
Autor(es): Agencia O Globo/Cristiana Jungblut
O Globo – 23/04/2010

Ministros foram convocados para decidir aumento; presidente pede maturidade do Congresso sobre decisão

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou para hoje reunião com vários ministros para tratar do reajuste dos aposentados que ganham acima do salário mínimo. Lula deixou claro ontem que não aceitará índice aprovado pelo Congresso que comprometa as contas da Previdência. Assessores do presidente lembram que ele já havia “criado uma abertura” para se chegar a um reajuste de 7%, mas que avisou que não “fará loucuras”, sinalizando que não aceitaria algo acima disso.

Para o governo, os 7,7% de reajuste, defendidos pela maioria da base governista, terão consequências a longo prazo.

Ontem, Lula disse que é preciso agir com maturidade na discussão.

Repetindo que ninguém defende os aposentados mais do que ele, Lula disse que espera esse comportamento de todos, inclusive dos parlamentares, e que só vai decidir se vetará ou não um índice maior do que os 6,14% já concedidos pelo governo, por meio da medida provisória 475, quando a proposta final for aprovada no Congresso.

A reunião com os ministros será para “afinar o discurso”, segundo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que se reuniu ontem com Lula.

— É uma questão de custobenefício.

É preciso saber se o que for aprovado é possível para a Previdência custear. A Previdência é um patrimônio do trabalhador. O que quero é o bem do aposentado, olhando o seguinte: ao colocar no prato das pessoas, tenho que saber a quantidade de comida que tem na panela — disse Lula, em entrevista no Itamaraty.

Há ainda proposta de reajustes escalonados: de 7,7% para quem ganha até três mínimos, mantendo os 6,14% para quem ganha acima disso. Lula evita polêmica, por enquanto: — Ao presidente não cabe ficar dando palpite, dizendo o que eles devem votar. A proposta do governo estava acordada com as centrais sindicais. Se o Congresso fizer alguma coisa diferente, vou receber o projeto aprovado e, no silêncio da minha mesa, vou tomar a decisão que eu tiver que tomar. Até porque não acredito que, no Congresso Nacional, tenha qualquer deputado ou senador que defenda mais aposentado do que eu.

Antes, Lula se irritara ao ser perguntado sobre a declaração do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), de que concordaria com os 7%: — Sinceramente, não faço política por diz-que-diz. Quando a proposta for aprovada, chega à minha mesa e tomarei a decisão.

Espero que todo mundo — presidente, presidentes da Câmara e do Senado e líderes — aja com a maior maturidade possível.

Já Paulo Bernardo disse que Lula avisou que vetará qualquer índice que não seja “suportável” para as contas do governo: — O presidente acabou de me dizer: vou vetar se (o reajuste) não for sustentável. Não concordamos com essa história de fazer um campeonato para ver quem é mais bonzinho (com os aposentados).

Governo mantém proposta de 6,14% para aposentadorias, diz Padilha
Portal G1 – 23/04/2010 12h58 – Atualizado em 23/04/2010 15h29

Lula se reuniu com ministros da área econômica nesta sexta.
Padilha disse não existir mais consenso de reajuste de 7% na Câmara.

Nathalia Passarinho
Do G1, em Brasília

Após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta sexta-feira (23) que o governo mantém a proposta de reajuste anual de 6,14% para os aposentados que ganham acima de um salário mínimo.

Segundo o ministro, não existe mais consenso na Câmara dos Deputados em torno de um reajuste de 7%, portanto, Lula manteve a proposta inicial, acordada com centrais sindicais quando a medida provisória foi editada.

“O governo abriu conversa para discutir a proposta de 7%, mas ficou claro que não existe acordo na Câmara. Na medida em que não há consenso, mantemos a proposta inicial”, afirmou. Padilha não descartou que o presidente possa vetar a medida provisória se ela for aprovada no Congresso Nacional com a emenda que aumenta o reajuste para 7,7%.

“Não é a primeira vez que o presidente pode vir a vetar leis que comprometem a responsabilidade fiscal”, disse. Questionado se aumento de 7% seria razoável, o ministro afirmou que a possibilidade não foi tratada durante a reunião.

Um reajuste de 7,7% representaria um aumento de R$ de 1,8 bilhões nos gastos públicos, enquanto um reajuste de 7% representaria um gasto extra de R$ 1,1 bilhão. Um terço dos aposentados no Brasil recebem mais que um salário mínimo, totalizando 9 milhões de pessoas, segundo Padilha. O ministro informou que na próxima semana Lula deve se reunir com líderes da Câmara para tentar um acordo.

Também estiveram presentes à reunião desta sexta o ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, o ministro interino da Fazenda, Nelson Machado, e a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra.

Grécia cede à pressão dos mercados e recorre à ajuda internacional
Portal G1 – 23/04/10 – 15h44 – Atualizado em 23/04/10 – 15h45

Da EFE
Adriana Flores Bórquez.

Atenas, 23 abr (EFE).- A Grécia decidiu hoje se render à evidência de sua profunda crise financeira e solicitou oficialmente a ativação do pacote de ajuda de créditos projetado pelos países da zona do euro.

A decisão, anunciada pelo primeiro-ministro Yorgos Papandreu, responde às pressões dos mercados internacionais para que a Grécia busque ajuda financeira e garanta que poderá continuar fazendo seus pagamentos, perante os crescentes rumores de uma possível quebra estatal.
“Enfrentamos um caminho difícil. É imperativo que peçamos a ativação deste mecanismo”, declarou Papandreu da ilha grega de Kastelorizo.

Foi justamente deste local onde o líder socialista aceitou a mão estendida no dia 11 de abril pelos países do euro, em forma de empréstimos bilaterais no valor de 30 bilhões de euros.
“Nós esperamos, e nossos parceiros na União Europeia esperam, que esta decisão seja suficiente para acalmar os mercados e que assim possamos continuar financiando nosso país com taxas de juros mais baixas”, disse o primeiro-ministro.

Por enquanto, o anúncio empurrou para o alto a Bolsa de Valores de Atenas em 3,16%, enquanto o diferencial do bônus de dez anos grego em relação ao “Bund” alemão caiu para 493 pontos básicos, embora por volta das 10h (horário de Brasília) havia voltado para os 519 pontos básicos.
O pedido de auxílio chegou após um dia negro na qual à Grécia lhe caíram golpes desde diferentes pontos.

O Eurostat revisou para cima seu déficit de 2009, para 13,6% do PIB; a agência Moody’s colocou a qualificação da dívida grega à beira do “bônus lixo”; e o diferencial entre o bônus grego e o referente alemão alcançou um recorde de 576 pontos, enquanto que o custo da dívida grega chegou a 8,9%.

Papandreu não precisou hoje o volume de créditos que pedirá a seus parceiros da eurozona e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), também envolvido na operação de resgate.

Por enquanto, o ministro das Finanças, Yorgos Papaconstantinu, viajará este fim de semana a Washington para negociar com o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, as condições do crédito de até 15 bilhões de euros que o organismo poderia fornecer.

Diversos cenários cogitados pela imprensa grega já falam inclusive de uma antecipação de ajuda por parte do FMI de 3 bilhões de euros a juros de 2,86%.

Em sua oferta do dia 11 de abril, o Eurogrupo propôs juros de 5% para o crédito europeu, abaixo de 6,5% que a Grécia estava pagando nos mercados internacionais.

Papandreu disse que tanto Atenas como a eurozona tinham confiado em que a simples colocação à disposição desse mecanismo “ia ser suficiente para tranquilizar os mercados e poder continuar pedindo créditos a taxas de juros baixas, mas os mercados não responderam”.

Só durante o mês de maio, a Grécia deve desembolsar 10 bilhões de euros para enfrentar suas obrigações de pagamento. No total, calcula-se que o país se endivide em 273 bilhões de euros, 115,1% de seu Produto Interno Bruto (PIB).

Papaconstantinu assegurou hoje que “sem dúvida alguma, por volta do dia 19 de maio a Grécia terá 9 bilhões de euros de capital que precisa para seus pagamentos”.

O ministro confirmou que já falou por telefone com Olli Rehn, comissário europeu de Assuntos Econômicos e Monetários; com o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Lucas Papademos; e com seus colegas europeus.

Nesse sentido, afirmou que “não há indícios de dificuldades” para que a ajuda seja aprovada pelos Parlamentos nacionais, como no caso da Alemanha.

Mas se parece que os parceiros europeus não criarão problemas, os sindicatos gregos criticaram o pedido de ajuda como uma desculpa para justificar mais medidas de economia e corte do gasto público e advertiram que continuarão suas mobilizações nas ruas do país. EFE

Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 22.04.2010

O Portal G1 noticia as reuniões em Washington, que discutem as reformas do sistema financeiro, do FMI e do Banco Mundial. O presidente dos EUA, Barack Obama, defende o fim do uso de dinheiro público para salvar bancos da falência, enquanto até mesmo o FMI defende a instituição de taxas sobre os bancos, para a formação de um fundo para eventuais pacotes de salvamento do setor financeiro.

Tais propostas são feitas somente depois que os governos disponibilizaram trilhões de dólares para salvar bancos, o que implicou em grande aumento do endividamento público. Além do mais, as primeiras projeções da receita de tal fundo apontam para algumas dezenas de bilhões de dólares anuais, valor este irrisório perto da ajuda trilionária disponibilizada generosamente àqueles que sempre se julgaram com moral para cobrar questionáveis dívidas de países como o Brasil.

O governo brasileiro afirma que apóia a reforma do sistema financeiro, e que o Brasil não disponibilizou um só centavo para salvar bancos durante a crise. Porém, cabe ressaltar que os bancos no Brasil continuaram batendo recordes de lucros durante a crise exatamente porque ganham rios de dinheiro com os juros da dívida pública.

O governo brasileiro também defende uma reforma das instituições financeiras multilaterais (como o FMI) de forma a dar maior poder aos países como o Brasil, o que supostamente contribuiria para o fim das imposições neoliberais do Fundo. Porém, cabe ressaltar, novamente, que o governo brasileiro já incorporou a agenda econômica do FMI, fazendo superávits primários, priorizando o pagamento da dívida, fazendo reformas da previdência, etc.

Enquanto líderes mundiais anunciam supostas punições ao setor financeiro, os rentistas continuam livremente chantageando os países, levando-os a cortarem gastos sociais para pagar a dívida. Hoje, outra agência de classificação de risco rebaixou a dívida da Grécia, conforme outra notícia do Portal G1. Tal rebaixamento dificulta o acesso deste país a novos empréstimos, levando-o a fechar logo um acordo com o FMI, que significará o aprofundamento das nefastas medidas neoliberais, como as reformas da previdência e prejuízo aos servidores públicos e a toda a população.

Por fim, a Folha de São Paulo de ontem reproduz o dado oficial sobre o estoque da dívida pública federal: R$ 1,495 trilhão. Conforme comentado em edições anteriores desta seção, não estão incluídas neste valor as “Operações de Mercado Aberto”, de cerca de meio trilhão de reais, e que também fazem parte da dívida interna, remunerando com a maior taxa de juros do mundo os rentistas com dinheiro público.

A notícia também reproduz o argumento oficial de que o aumento da proporção de títulos “pré-fixados” da dívida interna seria positivo, pois tais títulos possuem taxas de juros fixas, não seguindo a variação da Selic. Porém, o jornal não informa que tais títulos “pré-fixados” estão sendo emitidos a taxas de juros de cerca de 13% ao ano, pois os rentistas somente aceitam comprar títulos a taxas muito superiores à Selic.

Mantega pede pressa em reformas financeiras
Portal G1 – 22/04/10 – 23h06 – Atualizado em 22/04/10 – 23h10

Em Washington, ministro afirmou que reforma no FMI deve ser antecipada e começar agora.

Da BBC

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira que a reforma no FMI (Fundo Monetário Internacional) deve ser antecipada e começar imediatamente.

“Dominique Strauss-Khan (diretor-gerente do FMI) quer colocar isso para janeiro de 2011. Eu acho que é tarde. Se quisermos de fato a reforma no início de 2011, temos que começar agora”, disse Mantega, em Washington, onde participa de uma reunião de ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais do G20 (grupo que reúne países ricos e em desenvolvimento).

“Agora temos a maturidade e a força política para fazer a reforma, porque isso foi decidido por esses líderes do G20”, afirmou.

Segundo o ministro, muitos desses líderes podem deixar o grupo, já que há eleições previstas em vários países.

“Mesmo Dominique Strauss-Khan pode deixar o FMI no próximo ano, porque talvez seja candidato na França”, disse.

“Podemos perder o apoio político que temos agora para fazer essa reforma”, afirmou o ministro, que nesta quinta-feira presidiu uma reunião do G24, grupo de países em desenvolvimento de porte médio.

Reunião do G20

Mantega disse que vai propor no comunicado final da reunião do G20 que se coloque a questão da reforma imediatamente em pauta.

A ideia, segundo o ministro, é ter uma proposta para apresentar aos chefes de Estado e de governo do G20 em junho, quando se reunirão no Canadá.

Nesta quinta-feira, Mantega se reuniu com o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, e disse que discutiu a necessidade estabelecer com os países do G20 uma data para implementar uma ampla reforma financeira mundial.

“Nós devíamos levar a proposta ao G20 de bater o martelo e estabelecer uma data para fazer a reforma financeira em nível mundial”, disse o ministro.

Cotas
A reforma do FMI é uma demanda de países emergentes como o Brasil, que afirmam que a estrutura do Fundo é ultrapassada e ainda reflete a ordem mundial do período da Segunda Guerra e querem mais voz e mais poder de decisão.

A reivindicação ganhou mais destaque ainda após a crise econômica internacional, quando esses países sofreram relativamente menos e se recuperaram mais rápido do que as economias avançadas.

No ano passado, ficou decidida uma mudança na divisão de cotas do Fundo. Por essa mudança, 5% das cotas de países “super-representados” serão transferidas para países “sub-representados”.

Falta ainda, porém, definir os critérios dessa transferência.

Segundo o ministro, o Brasil defende o critério do peso do PIB (Produto Interno Bruto) e da contribuição de cada país no desenvolvimento mundial para a divisão das cotas.

Banco Mundial

“Vamos aproveitar o embalo de que o Banco Mundial conseguiu chegar a um acordo para a sua reforma”, disse Mantega.

O Banco Mundial (Bird), outra instituição na qual países emergentes exigem maior poder de decisão, decidiu no ano passado aumentar as cotas dos países em desenvolvimento e em transição para 47%.

Esses países pedem participação de 50%, mas consideram o percentual anunciado um “primeiro passo positivo”.

“Essa promessa (dos 47%) deve ser mantida”, disse nesta quinta-feira o presidente do Bird, Robert Zoellick.

Segundo Zoellick, o tema será um dos quatro principais assuntos discutidos até domingo, quando o Bird realiza, em conjunto com o FMI, sua reunião de primavera, em Washington.

Sistema financeiro

As mudanças no FMI e no Bird são apenas parte das reformas em discussão durante as reuniões em Washington, que ocorrem no momento em que o próprio governo americano aumenta a pressão para reformar seu sistema financeiro.

Nesta quinta-feira, em um discurso em Nova York, o presidente Barack Obama pediu o apoio de Wall Street a sua proposta de reforma.

O presidente americano disse que as mudanças vão evitar que os contribuintes americanos sejam obrigados a pagar por futuros pacotes de resgate a instituições financeiras, como ocorreu durante a fase mais aguda da crise econômica mundial.

“Essa reforma de fato é importante para evitar que novas crises aconteçam. Nós apoiamos essa reforma”, disse Mantega.

“Se a reforma tem peculiaridades em cada país, ela tem também alguns traços comuns que podem ser aprovados no G20.”

O diretor-gerente do FMI, no entanto, em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, citou o caso dos Estados Unidos ao afirmar que se cada país implementar sua própria reforma, há o risco de prejudicar uma ação coordenada de todos os países para abordar a questão.

Strauss-Khan disse que a reforma proposta por Obama, por um lado, vem “muito cedo”, mas por outro lado, não está longe do que o próprio FMI está propondo.

“Então não acho que crie um grande problema”, disse o chefe do FMI.

Taxação

O FMI preparou para os ministros do G20 uma proposta de cobrar novos impostos de bancos e outras instituições financeiras.

Os impostos teriam o objetivo de garantir recursos para financiar eventuais pacotes futuros de resgate e também restringir os riscos assumidos por essas instituições, o que ajudaria a prevenir crises futuras.

Após a discussão no encontro de Washington, a versão final dessa proposta seria apresentada na reunião dos chefes de Estado e de governo do G20, em junho.

Segundo Mantega, os países deveriam discutir uma taxação em âmbito mundial para operações de maior risco.

“É o que querem fazer aqui nos Estados Unidos. Acho que nós temos que discutir em âmbito mundial, senão, não vale a pena fazer isso”, afirmou.

Outra reforma citada pelo ministro é o maior controle sobre operações com derivativos, que em sua maioria são feitas sem registro em países como os Estados Unidos.

“No Brasil é tudo registrado, só que não adianta ter registrado no Brasil se a empresa ou o banco brasileiro faz a operação fora”, disse.

Moody’s rebaixa rating da dívida da Grécia para A3
Portal G1 – 22/04/10 – 13h51 – Atualizado em 22/04/10 – 13h55
Da Agência Estado

A Moody’s Investors Service rebaixou o rating dos bônus da Grécia para A3, de A2, e os colocou em avaliação para possível rebaixamento futuro. De acordo com a agência, a decisão foi baseada na visão de que há um risco significante de que a dívida grega só possa se estabilizar em um patamar superior e mais caro do que o estimado anteriormente.
A Moody’s disse que a revisão do rating determinará se as classificações permanecerão na faixa A e suas prováveis perspectivas. A agência destacou ainda que vai concluir a revisão dos ratings após obter uma clareza maior sobre as medidas de política de longo prazo e as perspectivas macroeconômicas da Grécia. De acordo com a Moody’s, a conclusão da análise deve ocorrer durante os próximos três meses.
A agência também colocou o rating emissor de curto prazo Prime-1 da Grécia em avaliação para possível rebaixamento. Os tetos para os títulos e depósitos bancários da Grécia continuam a ser classificados como Aaa (em conformidade com a classificação da zona euro) e permanecem inalterados de acordo com a decisão des hoje ou com a revisão. As informações são da Dow Jones.

Dívida federal chega a R$ 1,495 trilhão em março
Folha de S. Paulo – 21/04/2010

A dívida pública federal registrou em março o segundo aumento do ano. A alta de 0,01%, considerada estabilidade pelo Tesouro, fez o estoque da dívida chegar a R$ 1,495 trilhão no mês passado. A parcela de títulos prefixados subiu de 29% para 30,25%. O movimento sinaliza uma melhora do perfil da dívida. Os títulos prefixados oferecem vantagem ao emissor (Tesouro Nacional) porque têm prazo mais longo e não oscilam com as mudanças na taxa básica de juros (Selic).

Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 20.04.2010

O jornal Valor Econômico repercute um fato já denunciado pela CPI da Dívida: a participação quase exclusiva de bancos e investidores na definição das expectativas de inflação, consideradas pelo Banco Central no “Boletim Focus”, e utilizadas na decisão sobre a taxa de juros pelo COPOM. O Jornal divulga a visão do especialista em contas públicas Amir Khair, segundo o qual “o boletim Focus não é o instrumento mais adequado para servir de termômetro da atividade ao BC”. Segundo Khair, o Focus é “muito concentrado nas previsões de instituições financeiras e pouco abrangente em relação ao resto da sociedade. ”

A reportagem mostra ainda que o economista-chefe de um banco privado reconhece esta realidade: ” Ninguém é proibido de participar de Focus. O ponto é que, para participar, é preciso desenvolver modelos de uma série de indicadores, e isso, evidentemente, é feito principalmente por instituições financeiras, que têm uma vantagem comparativa com outros órgãos e companhias da economia “. O Jornal ainda explica que “Depois de instituído, em 1999, o sistema de metas de inflação passou a depender muito das expectativas. As ações do BC, além de visarem a convergência dos preços para sua meta, também servem para amainar a deterioração mais profunda das expectativas do mercado.”

Traduzindo-se para o bom português: o Sistema de Metas de Inflação privilegia o setor financeiro na formação de expectativas de inflação, que influencia diretamente na definição sobre as altas taxas de juros, que por sua vez, beneficiam o próprio setor financeiro.

Os rentistas também influenciam na alta da taxa de juros na Grécia, conforme mostra outra notícia do Valor Econômico. As taxas exigidas pelos compradores de títulos da dívida externa chegaram a 7,621% ao ano (ou seja, mais que o dobro das taxas dos títulos alemães) como resultado da pressão dos investidores para que a Grécia feche logo o acordo com o FMI.

Projeção de inflação sobe por 13 semanas consecutivas
Autor(es): João Villaverde, de São Paulo
Valor Econômico – 20/04/2010

Em apenas seis meses, as expectativas do mercado financeiro quanto a inflação no fim deste ano aumentaram em um ponto percentual. As previsões de preços mais altos vêm piorando semana a semana consecutivamente desde 18 de janeiro. As cerca de cem instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central no boletim Focus apostam, agora, que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação do país, vai terminar o ano em 5,32% – 0,82 pontos percentuais acima da meta perseguida pelo BC para o ano.

Assim, se balizar-se pelo que estima o Focus, o Banco Central deve começar a agir para trazer o IPCA para a meta de 4,5%, elevando a taxa de juro, hoje estacionada em 8,75% ao ano. O Focus, no entanto, vai além: estima que os juros alcançarão 11,5% ao ano em dezembro e, ainda assim, não será capaz de ancorar os preços no varejo.

As estimativas do mercado divulgadas ontem pelo BC apresentaram a 13ª alta consecutiva de IPCA para o fim de ano. Desde que o BC começou a colher informações do mercado, em 2001, em apenas dois momentos as expectativas do mercado se deterioraram por tempo mais prolongado: em 2002, por 17 semanas, e em 2008, por 22 semanas. Nos dois períodos, o BC entrou em campo apertando a política monetária. Em 2002, a taxa de juros básica, a Selic, passou de 19% ao ano, em janeiro, para 25% ao ano, em dezembro. A Selic entrou em trajetória de queda, até alcançar 11,25% em setembro de 2007. As previsões pessimistas do Focus, no ano seguinte, serviram de gatilho para novo processo de elevações da Selic, que saltou dos 11,25% para 13,75% ao ano, em dezembro de 2008.

O debate quanto à influência das expectativas do Focus no processo decisório do BC ganha força diante da proximidade da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre na semana que vem. Há nove meses que a Selic está fixada em 8,75%, mas diante da alta inflacionária verificada no primeiro trimestre deste ano, e da decisão rachada na última reunião do Copom – quando três dos oito diretores votaram pela elevação da Selic -, o mercado aposta que o BC vai aumentar os juros. A dúvida dos economistas de bancos e consultorias está no tamanho da alta – se será de 0,5%, 0,75% ou mesmo 1%.

” A alta da Selic não atinge o consumidor de forma direta, como em países desenvolvidos, onde os juros básicos e as taxas cobradas pelos bancos em empréstimos são próximas. Aqui, devido ao enorme spread, a alta da Selic acaba por impactar mais as contas públicas ” , afirma Amir Khair, especialista em contas públicas. O economista calcula que se o BC elevar a Selic a 11,25% ao ano – menos, portanto, do que os 11,5% precificados pelo Focus ontem – o governo gastará R$ 13 bilhões a mais em um ano. Khair leva em conta apenas a correção dos títulos públicos fixados pela Selic, que, em fevereiro, respondiam por 37,7% dos títulos em circulação. ” Mas o impacto é subestimado, porque não só a demanda por papéis pós-fixados aumenta como os pré-fixados passam a embutir taxas mais altas ” , diz.

” A demanda está forte e continuará forte, independentemente da Selic em alta. Além disso, a inflação foi muito influenciada por fatores sazonais, o Focus não pode estipular que a alta deste começo de ano irá se repetir até dezembro ” , avalia. Para Khair, o boletim Focus não é o instrumento mais adequado para servir de termômetro da atividade ao BC. Segundo o economista, o Focus é ” muito concentrado nas previsões de instituições financeiras e pouco abrangente em relação ao resto da sociedade. ”

O Banco Central não divulga as instituições que contribuem para o boletim, mas sabe-se, pela divulgação da lista mensal de instituições que mais acertaram previsões, que são, na maior parte, bancos, gestoras de recursos e consultorias econômicas. ” Ninguém é proibido de participar de Focus. O ponto é que, para participar, é preciso desenvolver modelos de uma série de indicadores, e isso, evidentemente, é feito principalmente por instituições financeiras, que têm uma vantagem comparativa com outros órgãos e companhias da economia ” , avalia José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

Gonçalves cita a pesquisa de opinião realizada pela ” Bloomberg ” mensalmente com cerca de 50 economistas americanos. Para ele, é possível distinguir três grupos na pesquisa. Os economistas de bancos e instituições financeiras costumam ser mais otimistas com o resultado do PIB, pouco à frente dos analistas de consultorias econômicas, enquanto os acadêmicos costumam ser mais críticos, estimando resultados menos promissores. ” Isso se repete no Brasil ” , diz.

Para Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Santander e ex-diretor do BC, o Focus faz parte de um conjunto de informações relevantes que os diretores do BC levam em consideração, além de modelos próprios. ” É errado imaginar que o BC se baliza apenas pelo Focus. Ele é apenas um insumo na hora de estimar a política monetária ” , afirma. Além disso, ressalta Schwartsman, as estimativas semanais do Focus servem para ” ocupar ” o espaço do relatório de inflação do BC, que é divulgado de três em três meses. Assim, diz ele, ” pode-se usar o Focus nos modelos econométricos de cada instituição ” .

No relatório divulgado ontem, o Focus, além de estimar valores superiores de PIB, IPCA e Selic, também revisou outros índices. O IGP-M para este ano avançou de 7,69% para 7,99% e o IPC-Fipe foi de 5,39% para 5,45%. ” O efeito esperado do reajuste do minério e de outros produtos (remédios e vestuário), elevou as expectativas para os três índices de inflação consultados ” , diz o Santander em relatório, que mantém projeções, tanto para a Selic 2010 (12% ao ano), como para o IPCA (5,5%), acima do que espera o mercado.

Depois de instituído, em 1999, o sistema de metas de inflação passou a depender muito das expectativas. As ações do BC, além de visarem a convergência dos preços para sua meta, também servem para amainar a deterioração mais profunda das expectativas do mercado. (Colaborou Fernando Travaglini, de Brasília)

Custo de captação da Grécia tem novo recorde
Autor(es): De Agências internacionais
Valor Econômico – 20/04/2010

O rendimento dos títulos públicos da Grécia atingiram ontem pela manhã seu nível mais alto desde que o país entrou para a zona do euro, refletindo as incertezas em relação à saúde financeira do país.

A taxa de juros para 10 anos chegou a atingir 7,621% anuais, contra 7,366% no fechamento do mercado de sexta-feira.

Com isso, a diferença de rendimento do título público grego e do alemão, que serve de referência na zona do euro, passou de 428 pontos-base para 455 pontos-base. Ou seja, para refinanciar sua dívida, o governo grego tem que pagar 4,55 pontos percentuais a mais do que a Alemanha.

As incertezas sobre a Grécia voltaram a crescer ontem devido ao adiamento da reunião prevista entre o governo do país e autoridades da União Europeia e do FMI (Fundo Monetário Internacional). O encontro foi postergado para amanhã devido aos problemas com o transporte aéreo na Europa causado pelas cinzas do vulcão da geleira islandesa de Eyjafjallajoekull.

Hoje, a Grécia fará uma nova emissão de títulos do Tesouro de três meses, pelos quais pretende levantar US$ 1,5 bilhão. Na semana passada, os gregos lançaram bônus do Tesouro de seis meses a um ano, na qual captaram US$ 1,6 bilhão. Foi a primeira emissão após o anúncio do plano de resgate europeu para as finanças do país.

A Grécia vive uma crise fiscal ampliada pela turbulência financeira global. No ano passado, o governo do país fechou com um déficit de mais de 11% do Produto Interno Bruto (PIB), muito maior do que os 3% permitidos pela União Europeia.

Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 19.04.2010

A Agência Câmara divulga a apresentação e votação do Relatório Final da CPI da Dívida amanhã. Porém, qualquer deputado tem direito a pedir vista do Relatório, o que abre um prazo de duas sessões da CPI para que ele seja efetivamente votado. Durante este período, os deputados e as entidades da sociedade civil poderão analisar o relatório, para verificar se ele contempla, por exemplo, os graves indícios de irregularidades na dívida, constantes no recente documento divulgado pela Auditoria Cidadã da Dívida.

O Jornal Correio Braziliense divulga o lucro dos 100 maiores bancos nos primeiros 7 anos do governo Lula: R$ 127,8 bilhões. Importante ressaltar que este valor não inclui os ganhos de empresas ligadas aos bancos, como seguradoras e outras empresas, que quando consideradas duplicam este resultado. Também não inclui os pagamentos milionários dos bancos a seus diretores, conforme comentado em edição anterior desta seção. A notícia mostra que em 2010 os bancos baterão novo recorde de lucros.

Portanto, a notícia mostra quem são os verdadeiros beneficiados com a política de endividamento.

O governo argumenta que com mais lucros os bancos podem liberar mais crédito, porém, a própria notícia mostra que os altos juros cobrados pelos bancos contribuem para seus imensos lucros. A notícia mostra também que isto se dá graças ao alto grau de oligopolização do setor bancário (poucas instituições respondem pela maior parte do mercado), que ainda deve aumentar, com a possível aquisição do Banco Safra pelo Santander.

O Jornal Valor Econômico mostra como se dá este processo de favorecimento aos rentistas, por meio de altas taxas de juros (as maiores do mundo), e do regime de metas de inflação. A notícia cita a fala de um “agente do mercado”: “Se não vier um aumento mais forte que meio ponto, o BC vai deixar a dúvida se está seguindo fielmente o modelo de metas “. A única discussão colocada na notícia é de quanto deve ser alta dos juros, se de 0,5%, 0,75% ou até 1%.

O Regime de Metas de Inflação funciona da seguinte forma: os “agentes do mercado” informam ao Banco Central a expectativa de inflação (incluindo os preços administrados pelo governo, os maiores responsáveis pela inflação), e se esta expectativa ultrapassar 4,5% ao ano, o BC geralmente sobe os juros, aumentando os lucros destes mesmos “agentes de mercado”.

Prova disto é outra notícia do Valor: com a provável alta nos juros, os estrangeiros estão retirando suas aplicações em ações no Brasil e colocando em renda fixa, ou seja, títulos da dívida interna brasileira.

CPI da Dívida Pública pode votar relatório final nesta terça
Agência Câmara – 19/04/2010 10:45

A CPI da Dívida Pública pode votar seu relatório final nesta terça-feira (20). Criada em 2008, a CPI foi instalada em agosto do ano passado e já teve seus trabalhos prorrogados por duas vezes.

A comissão avaliou a composição da dívida pública da União, dos estados e dos municípios, o pagamento de juros e amortizações, os beneficiários desses pagamentos e o impacto nas políticas sociais e no desenvolvimento sustentável do País.

O relator, deputado Pedro Novais (PMDB-MA), ainda não divulgou seu parecer.

A reunião está marcada para as 14h30 no plenário 4.

Da Redação/PCS

Bancos lucram R$ 127,8 bi no governo Lula
Com Lula, bancos lucram R$ 127, 8 bi
Autor(es): Marcone Gonçalves
Correio Braziliense – 19/04/2010

Ganhos acumulados pelas 100 maiores instituições entre 2003 e 2009 foram 2,3 vezes superiores aos desembolsos do Bolsa Família

Sempre que questionado sobre os ganhos espetaculares acumulados pelo sistema financeiro ao longo de seu governo, o presidente Lula sai-se com essa: “Quero mais é que os bancos deem lucro”. Pois dados consolidados pelo Banco Central, referentes aos sete anos da administração do petista, mostram que as 100 maiores instituições financeiras do país não se fizeram de rogadas. Acumularam, no período, R$ 127,8 bilhões em lucros, o equivalente a 2,3 vezes os R$ 55,2 bilhões gastos pelo Ministério do Desenvolvimento Social por meio do Bolsa Família, programa que ajuda a melhorar as condições de vida de 46 milhões de brasileiros.

Nem mesmo o estrago provocado pela crise mundial foi suficiente para inibir o apetite dos bancos. No ano passado, também segundo o BC, as 100 maiores instituições engordaram o seus cofres com ganhos de R$ 23,2 bilhões, resultado que superou em 26% os retornos de 2008 (R$ 18,4 bilhões). Isso, apesar de o Produto Interno Bruto (PIB), o total de riquezas produzidas pelo Brasil, ter encolhido 0,2% na mesma comparação. Quem acompanha o mercado de perto avisa: o último ano da gestão Lula será fechado com pompa pelo sistema bancário: os lucros serão os maiores da história, o que poderá ser comprovado quando saírem os números do primeiro trimestre.

Os dados do BC consideram, porém, somente os resultados dos bancos com a atividade própria. Ou seja, não contabilizam, por exemplo, as seguradoras controladas por eles, que têm inflado ainda mais os ganhos. Pelo critério do BC, o BB embolsou R$ 6,1 bilhões no ano passado (o total passou de R$ 10 bilhões, um recorde). Já Itaú Unibanco e Bradesco ganharam, respectivamente R$ 5,4 bilhões (foram R$ 10 bilhões no geral) e R$ 4 bilhões (R$ 8 bilhões).

Para um técnico do governo, não se deve ver com preconceito os lucros dos bancos. Pelo contrário, são eles que garantem a solidez do sistema financeiro, que foi fundamental para que o país saísse mais rápido da crise provocada pelo estouro da bolha imobiliária americana. (1)“O Brasil foi elogiado em todo o mundo pela robustez de seus bancos”, afirmou. “Ao lucrarem mais, as instituições podem liberar mais crédito e, dessa forma, contribuir para o crescimento sustentado do país”, acrescentou.

1 – Estatização no mundo
As estripulias feitas pelos bancos americanos no crédito imobiliário deixaram um rastro de prejuízos em todo o mundo. Gigantes com o Citibank, o Goldman Sachs e a seguradora AIG tiveram de ser socorridos pelo governo dos Estados Unidos. Na Europa, várias instituições foram estatizadas para não quebrarem. Com isso, garantiu-se os depósitos de milhões de poupadores.

E EU COM ISSO
Boa parte dos lucros dos bancos decorre da concentração do sistema financeiro. Com um menor número de instituições no mercado, os consumidores ficam desprotegidos. Os bancos aumentam o poder para impor taxas de juros elevadas nos empréstimos. Também ficam confortáveis para fixar tarifas maiores nos serviços que prestam, já que a competição diminui.

Concentração aumentará
O interesse do Santander pelo Safra é apenas mais um movimento no intenso processo de concentração bancária no Brasil, afirmou Luís Miguel Santacreu, analista da consultoria Austin Asis. Os cinco maiores bancos do país detém ativos de R$ 2,397 bilhões, o correspondente a 78,22% do sistema. Com a possível junção do Santander e do Safra, esse índice passaria para 80,54%.

Na avaliação de Santacreu, o processo de concentração deve continuar, com um número cada vez menor de bancos detendo um volume maior de créditos e de depósitos. “Não estamos inventando nada. Se formos olhar para outros países, a presença de grandes bancos de varejo no mercado também é reduzida”, assinalou.

Há uma parcela importante de analistas acreditando que, além do Safra, a outra noiva cobiçada no mercado é o Citibank, que enfrentou sérias dificuldades nos Estados Unidos durante a crise mundial e só não ruiu porque foi socorrido pelo governo de lá. A disputa pelo Citi envolveria, inclusive, o Banco do Brasil, que nos últimos meses assumiu o controle da Nossa Caixa e arrematou 50% do Votorantim. A Caixa Econômica Federal, por sua vez, ficou com metade do Banco Panamericano, do grupo Sílvio Santos.

Os grandes perdedores nesse jogo, segundo Ione Amorim, economista do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), são os consumidores, que ficam reféns dos poucos bancos. (MG)

Santander quer o Safra

Em meio ao processo de concentração do sistema financeiro brasileiro, uma operação é aguardada com expectativa: a possível compra do Safra, o oitavo maior banco do país, pelo Santander. Se concretizada, a instituição espanhola saltará do quinto para o quarto lugar no ranking do varejo financeiro elaborado pelo Banco Central, com ativos totais de R$ 405,1 bilhões. Deixará para trás, com longa margem, a Caixa Econômica Federal e encostará no Bradesco.

Se arrematar o Safra, o Santander herdará uma carteira de clientes e de operações bancárias diferenciadas, geridas por Joseph Safra. Junto com o irmão Moise, o banqueiro tornou-se uma lenda na administração de grandes fortunas (2)no Brasil. A atividade bancária da família remonta ao início do século passado, quando o patriarca do clã abriu um banco na região onde hoje é a Síria. O terceiro irmão, Edmond Safra, morto há 11 anos em um incêndio criminoso em Mônaco, foi o dono do Republic National Bank of New York. O Safra tem ativos de R$ 71 bilhões, 99 agências e quase 5 mil funcionários.

A possível compra do Safra pelo Santander começou a ser especulada pelo mercado no fim do ano passado, quando se tornaram públicas as informações de que a instituição havia enfrentado saques maciços de clientes no auge da crise mundial. O Safra era controlador da Aracruz Celulose, que perdeu bilhões de reais em operações arriscadíssimas no mercado de câmbio. Temia-se que o banco estivesse por trás dos negócios malsucedidos. A Aracruz acabou sendo vendida para o grupo Votorantim, mas a desconfiança em relação ao Safra não se dissipou por completo.

Procurado pelo Correio, o Safra não se manifestou. E o Santander se limitou a informar que “não comenta especulações”. Apesar desse silêncio, José Luiz Rodrigues, sócio-titular da consultoria JL Rodrigues e especialista em sistema financeiro, disse que a operação Safra-Santander faz todo o sentido. “O Safra vive um momento em que precisa definir seu rumo como um banco de varejo. Não dá para pensar que poderá ter uma política de expansão agressiva contando com menos de 100 agências”, afirmou. (MG)

2 – Privilegiados
O objetivo maior do espanhol Santander com a possível compra do Safra é entrar com tudo no mercado de alta renda, hoje dominado pelo Bradesco, com a marca Prime, e pelo Itaú Unibanco, com o Uniclass e o Personalité. Para esse público com grande disponibilidade de recursos para investimentos, o Santander oferece a marca Van Gogh, que pertencia ao Real.
O Safra vive um momento em que precisa definir seu rumo como um banco de varejo”
José Luiz Rodrigues, sócio-titular da consultoria JL Rodrigues

Decisão técnica pressiona Copom
Por dentro do mercado
Autor(es): Eduardo Campos
Valor Econômico – 19/04/2010

O encontro que o Comitê de Política Monetária (Copom) terá nos dias 27 e 28 de abril não será só uma reunião para decidir o rumo da política monetária. O que está em pauta na visão de alguns agentes é o comprometimento com o sistema de metas de inflação. ” Se não vier um aumento mais forte que meio ponto, o BC vai deixar a dúvida se está seguindo fielmente o modelo de metas ” , avalia o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho. Segundo o economista, se levarmos em conta os últimos indicadores de demanda e inflação, o modelo sugere uma alta mais acentuada na taxa básica de juros. Então, tecnicamente falando, seria impossível justificar um ajuste de 0,5 ponto. Ainda de acordo com Velho, a recente puxada de alta nos contratos futuros mostra que o mercado cobra uma postura afirmativa do Banco Central de que suas decisões são técnicas. ” O BC tem que mostrar que responde de forma técnica. ”

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, aponta que a confusão política na qual o presidente do BC, Henrique Meirelles, se meteu cria espaço para que qualquer decisão diferente do Copom seja vista como algo favorável ao governo. Vale aponta que presidentes de BCs de países como EUA, Japão e Europa nunca discutem tendências políticas. ” Isto posto, o último bastião de credibilidade que restava no governo Lula poderia começar a diminuir de tamanho ” , escreveu o economista no Comentário Quinzenal de Conjuntura da MB Associados divulgado na sexta-feira.

A questão aqui, diz Vale, é que a autoridade monetária dispõe de todos os argumentos técnicos para mudar seu plano de ajuste de 0,5 ponto para 0,75 ponto percentual. ” Mas não descarto o ajuste de meio ponto por causa dessa confusão política ” , pondera o economista. Vale diz que prefere um BC mais ousado, subindo a Selic em 1 ponto percentual, pois com esse movimento ele forçaria as expectativas de inflação para baixo e acabaria com qualquer dúvida sobre seu modo de atuação.

Fazendo um contraponto à visão de aperto mais acentuado nos juros, o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, defende sua aposta de alta de meio ponto percentual na Selic. Segundo Petrassi, os indicadores de demanda realmente vieram mais fortes, mas falta saber melhor como está o comportamento da inflação. ” Os dados da semana serão determinantes para a decisão do Copom ” , afirma. Na visão do gestor, se o IPCA-15, IGP-M e IPCs semanais mostrarem uma redução consistente da inflação, o mercado recua um pouco da ideia de ajuste mais acentuado. Se o caso não for esse, diz Petrassi, o aumento de 0,75 ponto é dado como certo.

No câmbio, a piora generalizada de humor depois da denúncia contra o Goldman Sachs facilitou o trabalho do BC, que não precisou entrar duas vezes no mercado à vista, na sexta-feira, para conter, suavizar ou mesmo absorver fluxo de moeda, dependendo da teoria adotada. O fato é que na quinta-feira, dia 15, quando o BC fez os dois leilões no pronto, os investidores estrangeiros ampliaram sua posição vendida em dólar futuro mais cupom cambial em US$ 1,15 bilhão, com isso, o estoque de apostas pró-real atingiu US$ 3,61 bilhões, a maior desde 4 de agosto de 2008, quando a soma era de US$ 4,58 bilhões. Pena que esses números foram conhecidos apenas na sexta-feira. Uma curiosidade: o BC não fazia duas compras no mesmo dia desde o dia 13 de julho de 2007 e foi neste mesmo dia que foi registrada uma das maiores posição vendidas de estrangeiros, singelos US$ 10,32 bilhões.

Estrangeiro migra de ações de Brasil para renda fixa
Autor(es): Eduardo Campos
Valor Econômico – 19/04/2010

As variáveis inflação e taxa de juros começam a mudar o perfil dos investimentos estrangeiros nos mercados emergentes. A constatação é da EPFR Global, consultoria que acompanha a movimentação global de fundos. ” Um tema que parece estar dirigindo o fluxo de recursos no momento é a inflação ” , notou Cameron Brandt, analista-sênior da consultoria.

Segundo ele, o interesse crescente por títulos de dívida de países emergentes e a reação às pressões inflacionárias no Brasil sugerem que os investidores estão abraçando a ideia de maior inflação e juros. Se por um lado essa percepção chama dinheiro aos fundos de bônus, por outro, leva os investidores a adotar uma postura mais cautelosa com relação aos investimentos em ações. E o mercado que melhor ilustra essa nova dinâmica é o brasileiro.

Segundo a EPFR Global, a preocupação com o comportamento dos preços resultou em saques de US$ 473 milhões dos fundos de ações do Brasil na semana encerrada dia 14. Foi a maior retirada em 197 semanas. A consultoria aponta que os agentes também estão se prevenindo contra o ciclo de alta de juros esperado para começar agora, em abril.

Essa retirada do Brasil bateu forte nos fundos de ações da América Latina, único entre os quatro grandes grupos emergentes a perder dinheiro na semana do dia 14. No total, os fundos de ações de emergentes levantaram US$ 996,6 milhões. O resultado é positivo, mas representa apenas um terço dos mais de US$ 3,2 bilhões levantados na semana anterior.

Mais uma vez, grande parte desse dinheiro ficou com fundos emergentes globais (GEM, na sigla em inglês), com mandato para investimentos diversificados ao redor dos emergentes. Os emergentes da Europa, Oriente Médio e África (EMEA, na sigla em inglês) tiveram mais uma semana de forte captação. Foram US$ 368 milhões, maior soma em 25 semanas. A categoria Ásia (ex Japão) levantou US$ 79 milhões.

Olhando para países desenvolvidos, o mercado de ações manteve o tom positivo do começo do mês, com o Dow Jones retomando a linha dos 11 mil pontos pela primeira vez em 18 meses. No entanto, segundo a EPFR Global, como os investidores já tinham se posicionado antevendo essa retomada, o momento agora é mais propício à realização de lucros.

Os fundos de ações dos Estados Unidos perderam dinheiro pela primeira vez em nove semanas. Os fundos de índice (ETF, na sigla em inglês) com foco em grandes empresas lideraram os saques.

Depois de uma pausa na primeira semana do mês, os investidores voltaram a apostar na recuperação da economia japonesa, graças à retomada do crescimento nos EUA e da robusta demanda da China. As carteiras levantaram US$ 429 milhões no período.

O novo plano de ajuda à Grécia, costurado pela zona do euro e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), não foi suficiente para convencer os investidores a colocar dinheiro na região. Os fundos de ações da Europa perderam mais de US$ 1,3 bilhão, marcando a 10ª semana seguida de saques. No cômputo geral, todos os fundos de ações, emergentes ou desenvolvidos, amargaram um saque conjunto de US$ 6,16 bilhões.

Em contrapartida, todas as carteiras de bônus levantaram US$ 5,62 bilhões. Os fundos de bônus de emergentes captaram US$ 1,8 bilhão, novo recorde semanal. Com isso, o total acumulado no ano passa de US$ 10,4 bilhões. Para efeito de comparação, a cifra é maior do que todo o dinheiro arrecadado em 2005, ano recorde.

O bom desempenho das carteiras de títulos não está restrito aos mercados emergentes. Os fundos de bônus globais marcaram a 51ª semana seguida de captação. Foram US$ 2,23 bilhões no período encerrado dia 14. Já os fundos de bônus dos Estados Unidos ganharam dinheiro pela 67ª semana, embora os US$ 940 milhões levantados sejam o menor montante desde julho do ano passado.