Governo – Dívida Externa
O Portal G1 mostra que o governo federal tomou mais um empréstimo externo de US$ 500 milhões, que irão engordar ainda mais a atual montanha de reservas internacionais, já superiores a US$ 337 bilhões, e que não rendem quase nada ao país. A pergunta que surge então é: para que fazer mais dívida externa?
Conforme diz o Portal G1, o objetivo principal deste novo empréstimo é “proporcionar referência para o mercado privado brasileiro em termos de taxas de juros”. Em bom português: o governo brasileiro tomou este oneroso empréstimo para indicar qual a taxa de juros que as empresas privadas terão de pagar para tomar empréstimos externos, ou seja, para fazer dívida externa “privada” que, portanto, impõe pesados custos para o setor público.
O governo anuncia que esta foi a emissão de títulos da dívida externa com a menor taxa de juros da história, de 4,18% ao ano. Tal informação daria a entender que a dívida não seria problema, pois as taxas pagas pelo Brasil seriam muito baixas. Porém, quando acessamos a tabela do Tesouro Nacional referente às emissões de títulos da dívida “interna”, veremos que, apenas no dia de hoje foram emitidos títulos em um montante mais que 8 vezes maior (R$ 6,6 bilhões), e a taxas de juros mais de 3 vezes maior (quase 13% ao ano). Boa parte destes títulos são comprados por empresas e bancos brasileiros que estão tomando cada vez mais empréstimos externos, conforme mostra notícia do jornal Valor Econômico.
Em suma: o governo faz mais dívida externa para estimular empresas brasileiras a tomarem dinheiro lá fora, para comprar títulos da dívida interna, que paga os maiores juros do mundo. Tais taxas atraem dólares de todas as partes do mundo, em busca da remuneração mais generosa do planeta, conforme mostra o jornal Correio Braziliense. No primeiro semestre, “a avalanche de capital de curto prazo direcionada ao país” aumentou mais que 1.000% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Este modelo econômico deixa o Estado incapaz de investir em setores que terminam sendo privatizados, para viabilizar o pagamento da dívida. Contrariamente ao discurso do FMI e outras instituições que impõem políticas neoliberais, as privatizações trazem grande aumento de preços e piora na qualidade dos serviços, o que mais uma vez foi comprovado por três notícias de hoje.
Enquanto o jornal Valor Econômico mostra as explosões de bueiros no Rio de Janeiro, por culpa de duas empresas privatizadas (a Light e a CEG), o jornal Estado de São Paulo mostra que o Ministério Público está questionando os aumentos das tarifas dos pedágios da BR-116 (entre Curitiba e a divisa de SC e RS), cobrados pela empresa Autopista Planalto Sul, devido à má qualidade da rodovia. E o mesmo jornal Estado de São Paulo mostra que os aeroportuários já se manifestam contra a privatização dos aeroportos, pois já sabem que isto significará.
Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 04.07.2011
O Jornal Estado de São Paulo mostra que a Grécia perderá completamente a sua soberania e será obrigada a privatizar massivamente seu patrimônio público, para viabilizar o pagamento da dívida. Conforme diz o jornal, “autoridades europeias deixaram claro que a intervenção sobre a Grécia será total e que Atenas será tratada de forma equivalente ao que a Alemanha Oriental passou quando o comunismo caiu e a região integrou-se à Alemanha Ocidental há 20 anos.” Serão vendidos 39 aeroportos, 850 portos, linhas férreas, estradas, sistemas de esgoto, duas empresas de energia, bancos, milhares de hectares de terras, cassino, a loteria nacional e até o estádio olímpico.
Segundo o presidente da zona do euro, Jean Claude Juncker, “A soberania grega será massivamente limitada”, e “os gregos devem se preparar para ver estrangeiros tomar decisões sobre o futuro de sua economia, principalmente no programa de privatização que tem como meta arrecadar 50 bilhões até 2015 com a venda de ativos e empresas.” Ainda segundo Juncker, “especialistas estrangeiros serão enviados para Atenas para liderar a venda dos ativos do Estado”.
Neste processo, a grande imprensa não mostra a grande contradição das autoridades financeiras mundiais: quando são os bancos que vão à falência, imediatamente – e sem nenhum condicionamento – os bancos centrais liberam trilhões a juros módicos para salvar o setor financeiro privado, às custas da emissão de mais títulos da dívida pública, que são adquiridos pelos próprios bancos que foram salvos. Ou seja: como num passe de mágica, bancos falidos passam a ser credores do Estado.
Porém, quando é o estado grego que entra em dificuldades – devido à especulação do mercado financeiro, que colocou os juros nas alturas, empurrando a Grécia para fechar este “acordo” com o FMI e a União Européia – é obrigada a vender todo o seu patrimônio, retirar direitos dos trabalhadores, cortar gastos sociais e entregar sua soberania.
Mais uma vez, percebe-se nitidamente como a dívida pública é um instrumento de violação completa da soberania nacional.