“MERCADO” JÁ SE MOVIMENTA PARA DEFENDER MANUTENÇÃO DOS JUROS ALTOS

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Segundo análise do Jornal Valor Econômico sobre a participação do Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em audiências no Senado Federal nessa semana, a taxa básica de juros no Brasil deve continuar no altíssimo patamar de 13,75% ao ano. Segundo o Jornal, os números dos relatórios produzidos pelo “mercado” e considerados por Campos Neto determinam que ainda não há espaço para a redução de juros, informações essas que devem ser consideradas na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central, a se realizar na semana que vem (2 e 3 de maio).

O curioso nos indicadores e argumentos apresentados pelo jornal e pelo dirigente do Bacen é a falta de clareza em relação ao combate das verdadeiras causas da inflação brasileira e o impacto que os juros causam na economia real. Quando analisamos os dados objetivos do IBGE sobre a inflação ocorrida nos últimos 12 meses terminados em março/2023 (IPCA de 4,65%), verificamos que 77% desta inflação decorreu de preços administrados pelo próprio governo (taxa de água e esgoto, emplacamento e licença de automóveis), alta de preços de alimentos (por fatores climáticos, de mercado internacional e da priorização da agricultura de exportação) e outros preços que sobem automaticamente de acordo com índices de inflação anteriores (remédios, mensalidades escolares e planos de saúde).

Ou seja, ao omitir essa questão e manter altas taxas de juros, o Banco Central, além de contribuir com a piora nos índices de desemprego e endividamento das famílias e empresas, ainda provoca a explosão dos custos da dívida pública, que demanda mais sacrifício das áreas sociais para pagar os juros e amortizações de uma dívida nunca auditada integralmente e que possui diversos mecanismos que a fazem se multiplicar por ela mesma.

É urgente a aprovação do PLP 104/2022 que limita a taxa de juros no Brasil a no máximo ao dobro da SELIC, limitada ao teto de 12% ao ano. Ajude a pressionar os/as parlamentares, membros da Comissão de Finanças e tributação (CFT) na Câmara dos Deputados, para agendamento da audiência pública para tratar dessa matéria que tanto importa para toda a sociedade brasileira: https://auditoriacidada.org.br/pressione-a-cft-pelo-limite-dos-juros/