Notícias diárias comentadas sobre a dívida – Semana de 12.09 a 18.09.2011

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Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 18.09.2011

O Jornal das 10 da Globonews mostra os protestos na Grécia contra os cortes de gastos sociais feitos para viabilizar o pagamento de uma questionável dívida. Como se vê no vídeo, os manifestantes mostravam cartazes com as inscrições “Não a um mundo de banqueiros e patrões”, e “sim a um mundo de democracia direta e justiça popular”. Os manifestantes declaravam que “tais medidas de austeridade estão implementando um programa de reformas econômicas projetado para trazer lucros para os bancos às custas do povo”.

A União Européia (UE) e o FMI impõem tais medidas como condição para liberar nova parcela de um empréstimo, que permitiria à Grécia pagar a dívida anterior. Porém, quando são os bancos privados europeus que estão em dificuldades, a mesma União Européia (por meio do Banco Central Europeu – BCE) libera empréstimos ilimitados, a taxas de juros muito mais baixas, e sem nenhum condicionamento.

Conforme comentado em edições anteriores deste boletim, a dívida da Grécia entrou em crise após o setor financeiro ter estimulado este país a tomar cada vez mais empréstimos, alguns deles irregulares, utilizando mecanismos financeiros proibidos pela UE. Os bancos privados tomam empréstimos a taxas de juros baixíssimas junto ao BCE para emprestar a altas taxas para a Grécia. Recentemente, os mesmos bancos que estimularam esta dívida de centenas de bilhões de euros se recusaram a refinanciá-la, empurrando o país para o FMI.

Este tema será discutido no Seminário Internacional “Alternativas de Enfrentamento à Crise”, a ser realizado nos dias 4 a 7 de outubro em Brasília, que contará com a participação de Sofia Sakorafa, deputada do Parlamento da Grécia, a única a votar contra este pacote de medidas do FMI, no ano passado.

Milhares de europeus saem às ruas contra a crise

Jornal das 10 – Globonews – 17/9/2011

 

Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 16.09.2011

Os jornais de hoje mostram a operação coordenada de 5 bancos centrais para salvar bancos privados europeus, com empréstimos sem limite algum, a taxas de juros que não foram divulgadas, mas que devem ser próximas a 1,5% ao ano, a taxa cobrada pelo Banco Central Europeu (BCE).

Enquanto isso, os países europeus que se encontram sobre-endividados – exatamente por terem salvo os bancos privados a partir de 2008 – são obrigados pelo mesmo BCE (e pelo FMI) a realizarem reformas neoliberais, que retiram direitos duramente conquistados pelos trabalhadores e promovem profundos cortes orçamentários.

Aqui no Brasil, apesar do governo negar qualquer crise da dívida, os cortes também são feitos “no osso”, conforme mostra notícia do Jornal Estado de São Paulo. Os cortes de R$ 50 bilhões atingiram até mesmo a Receita Federal (especificamente os julgamentos sobre a cobrança de tributos), prejudicando a própria arrecadação tributária, o que é contraproducente.

Enquanto nega recursos às áreas sociais, o governo brasileiro quer ajudar os países da União Européia a pagarem uma dívida ilegítima, em grande medida feita para salvar bancos privados. O Portal G1 mostra que o Instituto para as Finanças Internacionais (IIF, que representa o interesse dos banqueiros detentores da dívida grega) pediu ao FMI e aos países “emergentes” (onde se inclui o Brasil) que emprestem US$ 27,6 bilhões para a Grécia pagar sua dívida. Caso tal operação vingue, os banqueiros não mais precisarão se preocupar em cobrar a dívida da Grécia, papel este que passaria a ser feito pelo Brasil. Desta forma os banqueiros se livrariam de um mico, que será comprado pelo Brasil às custas de mais dívida pública interna e, claro, mais cortes de gastos sociais.

Por outro lado, a sociedade brasileira se articula fortemente pela auditoria da dívida, conforme mostra artigo de Frei Betto no Jornal Correio Braziliense. O artigo mostra as mobilizações do 7 de setembro, quando “as ruas foram ocupadas por mobilizações populares convocadas por meio da internet. As pessoas saíram em passeatas para protestar contra a corrupção, o sucateamento da educação, e por reforma agrária e auditoria da dívida pública…”

Cinco BCs vão garantir bancos europeus 

O Estado de S. Paulo – 16/09/2011

Cortes paralisam órgão da receita 

Autor(es): Felipe Recondo 

O Estado de S. Paulo – 16/09/2011

IIF propõe que BRIC ajude Grécia a recomprar dívida

Portal G1 – 16/09/2011 14h27 – Atualizado em 16/09/2011 14h27

Redes sociais e mobilizações

Autor(es): Frei Betto  

Correio Braziliense – 16/09/2011

 

Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 14.09.2011

O Portal G1 mostra a insatisfação de várias categorias de servidores públicos com a recusa do governo em conceder reajustes salariais. Sindicalistas protestaram na sessão onde a Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, apresentava a proposta orçamentária para 2012, que prevê grande contenção de gastos com servidores. A eterna justificativa para este arrocho é a preservação do denominado “equilíbrio fiscal”, o que em bom português significa a priorização dos pagamentos da dívida pública.

Servidores das universidades públicas e do judiciário também marcaram presença em outras duas comissões da Câmara, conforme mostra a Agência Câmara. Enquanto os primeiros estiveram  na Comissão Especial do Projeto de Lei 1749/2011, protestando contra a privatização dos hospitais universitários, os servidores do Judiciário compareceram em peso na Comissão de Finanças e Tributação (CFT), onde há mais de um ano se encontra parado o Projeto de Lei (PL) 6613/2009, que reajusta os salários da categoria. Apesar do governo dizer que este projeto prevê um aumento de 56%, na realidade o PL reajusta em apenas 29,77% o valor total gasto com a categoria, percentual este menor que as perdas inflacionárias desde 2006, quando ocorreu o último reajuste.

Diante da grande mobilização dos servidores, parlamentares da base do governo se valeram de manobras regimentais para escapar da pressão. Na CFT, os deputados do PT entraram em obstrução, ou seja, se retiraram da sessão para fazer cair o quórum e encerrar a reunião, enquanto na Comissão do PL 1749 a base do governo encaminhou o projeto diretamente para a votação no Plenário da Câmara.

Os jornais de hoje também noticiam a queda do Ministro do Turismo, deputado Pedro Novais (PMDB/MA), devido à sucessão de escândalos. Cabe comentar que Novais foi o relator da recente CPI da Dívida Pública, cujo relatório não aponta ilegalidades no endividamento, nem recomenda auditoria da dívida, e nem recomenda o encaminhamento das conclusões da CPI para o Ministério Público Federal (MPF).

Porém, este esforço de Novais em ocultar graves indícios de ilegalidades no endividamento não adiantou: tais indícios foram encaminhados ao MPF, que está aprofundando as investigações.

Sindicalistas tentam invadir audiência de Miriam Belchior no Congresso

Portal G1 – 14/09/2011 16h42 – Atualizado em 14/09/2011 16h42

Governo não proporá alteração do orçamento para reajuste do Judiciário

Portal G1 – 14/09/2011 16h21 – Atualizado em 14/09/2011 17h37

Como foi a manhã de quarta-feira (14/9) nas comissões da Câmara

Agência Câmara – 14/09/2011 13:20

Comissão especial não votará projeto sobre empresa de serviços hospitalares

Agência Câmara – 14/09/2011 15:44

Folha Online – 14/09/2011 – 19h00 

Turismo confirma exoneração de ministro; leia carta de demissão 

NÁDIA GUERLENDA – DE BRASÍLIA

Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 13.09.2011

Os jornais de hoje mostram a possibilidade do Brasil comprar títulos da dívida dos países europeus, como forma de ajudar estes países a saírem da crise. Uma possibilidade é a utilização de recursos das reservas internacionais ou do “Fundo Soberano” para comprar estes títulos.

Em bom português, o que isto significa? Significa que o governo brasileiro, mais uma vez, se endividará aos juros mais altos do mundo para financiar os países mais ricos, recebendo taxas de juros bem menores, e ainda auxiliando estes países no salvamento de bancos falidos. A partir de 2008, os países da União Européia se endividaram fortemente para promover ajudas trilionárias para salvar bancos e outras empresas privadas, e por isso enfrentam esta crise.

Agora, o Brasil pode assumir esta dívida ilegítima (às custas de mais dívida interna), ainda correndo o risco de ficar com um verdadeiro “mico”. Conforme mostra a notícia do Portal G1, as próprias autoridades brasileiras reconhecem que desta forma o país poderia “correr mais riscos”.
Assim como no recente pagamento antecipado e empréstimo ao FMI, se trata de mais uma jogada de marketing do governo brasileiro, que tenta fazer parecer que o país não tem problemas com a dívida, e ainda salva outros países endividados.

O problema é que esta ajuda é feita às custas de mais dívida interna, que já supera os R$ 2 trilhões e paga as taxas de juros mais altas do mundo ao setor financeiro, ao mesmo tempo em que o governo bloqueia qualquer projeto que aumente os gastos sociais, tais como o piso salarial nacional para policiais e bombeiros dos estados, o aumento dos recursos da saúde, ou o reajuste aos servidores públicos.

Brics cogita comprar dívida da zona do euro

Portal G1 / Reuters – 13/09/2011 20h06- Atualizado em 13/09/2011 20h06

 

Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 12.09.2011

Os jornais de hoje destacam as repercussões globais da possibilidade de a Grécia não receber um novo empréstimo do FMI / União Européia (UE), que havia sido programado para viabilizar o pagamento da dívida anterior. Desta forma, o país pode suspender este pagamento, ou negociar uma redução da dívida.

Mesmo promovendo um pesado ajuste fiscal e cortando diversos direitos sociais da população, o governo grego não deve cumprir todas as imposições do FMI/UE, que por isso pode não conceder esta nova parcela do empréstimo. Isto mostra como age o Fundo, liberando os empréstimos por partes, sempre condicionadas à implementação de pesadas medidas anti-sociais, que servem para liberar recursos para o pagamento de uma questionável dívida.

No caso da Grécia, este processo de endividamento foi estimulado pelos próprios bancos, que tomaram centenas de bilhões de euros em empréstimos a juros baixos (cerca de 1% ao ano) junto ao Banco Central Europeu (BCE) para emprestar à Grécia a taxas várias vezes superiores, ganhando rios de dinheiro.

Esta política do BCE foi feita para salvar os bancos da falência na crise global, mas quando são os países que vão à falência, a política é bem diferente. Os empréstimos possuem juros bem maiores e são condicionados a pesados cortes de gastos e direitos sociais.

Mesmo que haja uma redução de dívida, isto será apenas um pequeno troco do que os bancos já ganharam com esta farra de endividamento.

Temor com a Grécia deve causar mais instabilidade, dizem analistas

O Estado de São Paulo – 12 de setembro de 2011 | 18h 16