NÚCLEO SANTA CATARINA PARTICIPA DE ATO CONTRA PRIVATIZAÇÃO NA ELETROSUL
“Entre hoje e amanhã, a dívida pública vai bater R$ 4 trilhões”, afirma o economista e mestrando Arland Costa
Por Ana Carolina Madeira (jornalista e integrante da ACD/SC)
O economista mestrando Arland Costa e o internacionalista e professor Daniel Corrêa da Silva, integrantes do Núcleo Catarinense da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD/SC) falaram, durante o ato da Eletrosul contra o desmonte e a privatização das empresas públicas, na manhã desta terça-feira, 18, em Florianópolis.
“Entre hoje e amanhã, a dívida interna vai bater R$ 4 trilhões”, afirma o economista. Ele iniciou o assunto explicando que o movimento ACD não é contra endividamento público para construção de escola, posto de saúde, entre outros. Questionam a dívida que cresce apenas pelo aumento da taxa de juros, que não tem contrapartida (algo em troca, dinheiro para construção de obras, por exemplo), sem transparência, uma vez que dificilmente se tem acesso a contratos e até os dados oficiais são confusos.
Ele lembra que o endividamento interno começou por volta de 1970. No ano de 1994, eram R$ 70 bilhões de dívida interna brasileira. Nestes anos todos, o Brasil paga as contas, anuncia amortizações e a dívida está na casa dos trilhões. Só fez crescer, enquanto a imprensa tradicional só fala na tese da crise fiscal permanente. Na realidade, a crise é financeira por má gestão dos recursos públicos e falta de realização de Auditoria Cidadã da Dívida.
A Dívida Externa (renegociada na iminência do início do plano real, com prazos mais largos e juros menores) foi internalizada, cobrando juros maiores em prazos mais curtos. Foi assim que “foi eliminada” nossa dívida externa, internalizando-a. Desde a crise de 2008, o país voltou a fazer crescer o endividamento externo, que volta a gerar preocupação.
“O Arland contou da dívida interna brasileira, originária da década de 70, e continua em crescimento, hoje com quase R$ 4 trilhões. E ela cresce num estalar de dedos quando se aumenta os juros. Atualmente, a dívida ativa com a União (estados, empresas que devem) soma R$ 1,3 trilhão. Se fosse cobrada, acabaria no mesmo ato com os cortes do orçamento”, informa professor Daniel Corrêa da Silva.
O programa de subvenções a empresas chega a R$ 200 bilhões, de acordo com o professor e mesmo assim, o país é o recordista em sonegação fiscal no mundo, “não é problema fiscal que temos, nem de arrecadação de imposto, é gestão. É utilização política dos recursos. É um esquema de desmonte do Estado com privatizações e corte de direitos, ao mesmo tempo em que pagamos esta dívida há 20 anos e ela só aumenta”.
Os planos de redução de investimentos governamentais são, conforme Silva, uma forma de facilitar o processo de privatização das empresas públicas. O chamado “Sistema da Dívida” integra também a imprensa tradicional, que insiste em crise fiscal e empurra a opinião pública a favor das vendas, privatizações e terceirizações. Também estiveram presentes, da ACD/SC a pedagoga Mariana Tsuchida Zanfra Dutra e o coordenador geral do Sindprevs/SC Luciano Wolffenbüttel Véras, que expôs a situação da Previdência.
Na grande mídia, o assunto é tratado como déficit (dá prejuízo), quando a Seguridade é superavitária (lucrativa) e o governo insiste em exigir metas de cortes. “Num hospital de São Paulo, o diretor geral liga para o médico e diz: parabéns, alcançamos a meta. Nenhuma internação neste mês! Isso quer dizer que se o paciente chega precisando de internação, mandam para outro hospital porque é procedimento caro e não vai bater a meta. É corte de direitos”, explica Véras.
Com vistas à mobilização para a greve geral, o evento faz parte de uma agenda nacional puxada pela Federação Nacional dos Urbanitários (FNU/CUT) e pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários, Sinergia, CUT e Intersindical, entre outras entidades contra a privatização do setor elétrico e retirada de direitos. Outros sindicatos também estavam representados, assim como movimentos sociais.
Publicada dia 18/10/2016