Pagamento da Dívida

Compartilhe:

Os jornais mostram que os europeus estão indo em massa às ruas protestar contra as medidas de “austeridade”, ou seja, o cumprimento dos pacotes impostos pelo FMI, bancos e União Européia, que retiram direitos sociais para permitir o pagamento de uma questionável dívida. Na Grécia, pela primeira vez na história, foi interrompida uma parada militar que comemora a data em que o país rejeitou a entrada de tropas italianas em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial. A população chamou de “traidores” os membros do governo presentes no evento.

Apesar da grande imprensa apontar que a Grécia fará um “calote” de 50% sobre sua dívida, tal desconto não incide sobre o total da dívida, mas apenas sobre a parcela detida por bancos privados. Nos útimos meses, o Banco Central Europeu (BCE) começou a comprar dos bancos privados imensas quantidades de títulos da dívida grega. Em bom português: o BCE livrou os bancos privados do “mico”, depois destes bancos já terem lucrado rios de dinheiro com a Grécia.

O Portal Esquerda.net de Portugal traz artigo de Pascal Franchet, Yorgos Mitralias, Griselda Pinero e Eric Toussaint, membros do CADTM (Comitê pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo), sobre estas medidas tomadas pelos líderes da União Européia. Tais medidas privilegiam mais uma vez os banqueiros e aprofundam a exploração do povo, que continuará sofrendo com as medidas neoliberais.

O Portal G1 mostra que o governo brasileiro está disposto a colocar mais recursos no FMI para que este organismo financie mais pacotes de “salvamento” de países europeus. O Brasil também está disposto a colocar recursos no “Fundo de Resgate Europeu”, que reforçará tais pacotes neoliberais. Conforme mostra a notícia, o Brasil deve utilizar parte das reservas internacionais, ou seja, dólares que são comprados pelo Banco Central às custas de aumento na dívida interna, que paga os maiores juros do mundo.

Com esta operação, o governo tenta dar a entender que o Brasil seria um país “credor” da Europa, porém, na realidade, tal “ajuda” à Europa é feita às custas do aumento da dívida interna, que já ultrapassou a marca dos R$ 2,4 trilhões, cujos juros e amortizações consomem cerca da metade do orçamento federal.

Gregos chamam presidente de ‘traidor’ e interrompem evento
Portal G1 – 28/10/2011 13h06- Atualizado em 28/10/2011 13h06

Manifestantes voltam a entrar em choque com a polícia na Grécia
Jornal Nacional – Edição do dia 28/10/2011

O acordo da cimeira europeia é inaceitável
Esquerda.net – Artigo | 29 Outubro, 2011 – 02:00
Por Pascal Franchet, Yorgos Mitralias, Griselda Pinero, Eric Toussaint

G20: Brasil disposto a ajudar Europa via FMI e não descarta apoio ao FEEF
Portal G1 – 28/10/2011 18h18- Atualizado em 28/10/2011 18h18

Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 28.10.2011

Várias notícias confirmam os comentários da edição de ontem deste boletim, de que a operação anunciada ontem pelos líderes da União Européia não resolve o problema da dívida, não penaliza os bancos, e mantém as políticas nefastas de cortes de gastos sociais e reformas neoliberais, como a previdenciária e as privatizações.

O Jornal O Globo traz a fala de um professor grego sobre a redução da dívida da Grécia:

“Eu não me sinto salvo. Os bancos não estão pagando para nós hoje. Eles estão apenas retornando uma parte do lucro que obtiveram de nós todos esses anos.”

A Folha Online mostra que a Grécia estará sujeita a uma supervisão permanente feita por uma delegação da União Européia, e que os bancos poderão receber dinheiro público para se ressarcirem das “perdas” com a redução da dívida grega.

O Portal Esquerda.net, de Portugal, traz o artigo “Salvar a Europa sem ter em conta as pessoas?”, mostrando que serão mantidas e aprofundadas as políticas nefastas neoliberais, sempre para continuar permitindo o pagamento da dívida. O artigo divulga a iniciativa pela Auditoria Cidadã da Dívida impulsionada pela organização ATTAC – França, com o portal http://www.audit-citoyen.org/ .

O Jornal Estado de São Paulo traz a opinião de Eric Toussaint, do Comitê pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo, que recentemente participou do recente Seminário Internacional “Alternativas de Enfrentamento à Crise”

Toussaint fala sobre a continuidade das medidas neoliberais na Grécia: “a recessão, que diminui as receitas fiscais, vai continuar devido às medidas de austeridade. No caso da moratória argentina, em 2001, o país fez o contrário: aumentou os salários e criou programas sociais de renda para estimular o crescimento econômico, o que permitiu uma saída mais rápida da crise”

Acordo para reduzir dívida da Grécia e zona do euro é recebido com descrença pela população
Publicada em 27/10/2011 às 14h05m
O Globo, com agências internacionais

Após acordo, Europa manterá comissão fixa de supervisão na Grécia
Folha Online – 27/10/2011 – 12h15

Salvar a Europa sem ter em conta as pessoas?
Esquerda.net – Portugal – Artigo | 28 Outubro, 2011 – 00:13

Para especialistas, acordo dá fôlego à Grécia mas não resolve problema da dívida
Crescimento limitado e ajuste rigoroso atrasam recuperação da economia europeia.
O Estado de São Paulo – 27 de outubro de 2011 | 19h 03

Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 27.10.2011

Os jornais divulgam as reuniões desta madrugada entre líderes da União Européia, banqueiros e o FMI, que decidiram por uma redução na dívida da Grécia. Após grandes manifestações populares em todas as partes do planeta contra o setor financeiro, nota-se um esforço dos governantes de dar a entender que o setor financeiro estaria finalmente pagando a conta da crise. Porém, não foi este o resultado das reuniões.

Após os bancos ganharem rios de dinheiro pegando empréstimos baratos junto ao Banco Central Europeu para ganhar juros altos emprestando à Grécia e outros países, agora os bancos aparentemente concordam com uma redução de 50% na dívida grega. Porém, ao mesmo tempo, os bancos serão “capitalizados” (ou seja, salvos) para fazer face a estas perdas. As notícias não deixam claro quem irá bancar este salvamento, mas ao que tudo indica, seriam os próprios governos, às custas de mais dívida pública.

Ao mesmo tempo, a Europa aumentará o “fundo de resgate”, ou seja, recursos para países endividados pagarem suas dívidas anteriores. Recursos estes, como sempre, condicionados à implementação de políticas nefastas, como reformas da previdência, demissões em massa, redução dos salários, dentre outras. Portanto, não se trata de alívio para o povo, mas para os banqueiros.

O Jornal Estado de São Paulo mostra que o Brasil pode contribuir com este “fundo de resgate”, ou seja, o governo brasileiro pode destinar dólares das reservas internacionais – ou de outros instrumentos, como o Fundo Soberano – para emprestar aos países europeus, talvez por meio de aportes ao FMI.

Considerando que o governo brasileiro obtém estes dólares por meio de mais dívida interna, que paga os maiores juros do mundo, conclui-se que o povo brasileiro pagará caro para aprofundar as reformas neoliberais na Europa.

Dívida da Grécia é reduzida pela metade
O Estado de São Paulo – 27 de outubro de 2011 | 7h 18

Notícias diárias comentadas sobre a dívida – 24.10.2011

Os jornais de hoje mostram a explosão do endividamento público, que cresceu R$ 40 bilhões em apenas um mês (de setembro) principalmente devido aos juros altíssimos, que incidem sobre esta dívida. O Jornal Monitor Mercantil traz matéria de capa sobre o tema, citando o comentário da Auditoria Cidadã:

“Apesar da queda de 0,5 ponto na taxa básica de juros (Selic), para 11,5% ao ano, a taxa de juros brasileira ainda se encontra maior que a vigente no início do governo Dilma e muito maior que a taxa média de juros dos maiores 40 países do mundo, que está negativa em 0,8% ao ano”

Como o governo não dispõe de recursos para pagar esta montanha de juros, ele faz nova dívida, conforme explicado pelo Jornal Nacional:

“A dívida pública brasileira aumentou R$ 40 bilhões em setembro e alcançou R$ 1,808 trilhão. Para refinanciar o que deve, o governo emite títulos, que são vendidos aos investidores. No mês passado, ele precisou vender mais desses papéis.”

Importante ressaltar que, apesar do governo divulgar que a dívida pública federal (externa e interna) estaria em R$ 1,808 trilhão, este dado não considera os títulos do Tesouro em poder do Banco Central (BC). A contabilização destes títulos é importante, pois o BC costuma repassar estes títulos ao mercado (pagando os maiores juros do mundo ao setor financeiro) para financiar a compra de dólares para as reservas internacionais, ou para reduzir a quantidade de moeda em circulação.

Considerando estes títulos, a dívida interna já chegou a R$ 2,4 trilhões em agosto, conforme tabela do BC (Quadro 35).

Dívida pública brasileira aumenta R$ 40 bilhões em setembro
Jornal Nacional – Edição do dia 24/10/2011

Dívida Pública Federal sobe 2,28%, para R$ 1,808 trilhão
Estado de São Paulo – 24 de outubro de 2011 | 18h 50