As mentiras do “mercado” para justificar juros altos
Analistas de “mercado” (ou seja, representantes de rentistas da dívida pública) costumam citar estatísticas sobre emprego e rendimento para dizer que a economia estaria em alta, para dizer que a demanda estaria aquecida, e que por isso o país deveria manter altas taxas de juros, para desestimular o consumo e assim combater a inflação.
Porém, o rendimento médio real mensal dos trabalhadores no trimestre de nov/2024 a jan/2025 (R$ 3.343) foi somente 4,7% superior ao do mesmo período de 4 anos atrás, ou seja, no trimestre de nov/2020 a jan/2021 (R$ 3.193), em um dos piores momentos da pandemia. (Fonte) Isso desprezando o fato de que a inflação dos alimentos subiu quase 8% em 2024 (enquanto a média geral da inflação foi de 4,83%), afetando principalmente os mais pobres. Cabe lembrar que a inflação de alimentos não decorre de uma suposta demanda aquecida, mas principalmente da política agrícola equivocada, que privilegia o setor primário exportador, e não a agricultura familiar, e os estoques reguladores.
Além do mais, os dados de desemprego no Brasil sempre foram muito enganosos. Na verdade, a taxa efetiva não é de 6,5% mas sim de 15,5%, mais que o dobro da taxa oficial. Por que?
O governo divulga que a taxa de desemprego é de 6,5% , resultante da divisão entre 7,204 milhões de desempregados e 110,172 milhões da “Força de Trabalho”. Porém, dentro das pessoas consideradas como empregadas, existem as pessoas “Sub-ocupadas por insuficiência de horas trabalhadas”, que são 4,702 milhões. E fora da “Força de Trabalho”, existe a “Força de Trabalho Potencial”, de 6,161 milhões, formada pelas pessoas “desalentadas” (3,183 milhões de pessoas que gostariam de trabalhar, mas não procuraram emprego, pois não acreditam que possam encontrar) e pessoas que procuraram emprego, mas não estavam disponíveis para trabalhar na semana de referência.
Portanto, analisando melhor os dados, vemos que o número real de desempregados não é 7,204 milhões, mas sim, 18,067 milhões. Dividindo por 116,333 milhões (a “Força de Trabalho” mais a “Força de Trabalho Potencial”), vemos que a real taxa de desemprego é de 15,5%, ou seja, mais que o dobro da taxa oficial.
Isso sem citar que, dos 102,969 milhões de “ocupados” (ou seja, empregados) , nada menos que 40,359 milhões são empregados sem carteira ou Conta Própria sem CNPJ.
(Fonte)
Portanto, não é verdade que o Banco Central deva manter altíssimas taxas de juros, dado que não existe a suposta “demanda aquecida”, dado que a situação real dos trabalhadores no Brasil permanece muito ruim. As altas taxas de juros só contribuem para manter essa situação, de empregos precários e falta de investimento público em áreas sociais importantes, como educação, saúde, transportes, dentre outras.
É preciso mudar esse modelo econômico! Junte-se à Campanha É Hora de Virar o Jogo!