Monitor Digital: Superávit de R$ 1 tri não impediu que dívida crescesse 46 vezes

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Matéria com Maria Lucia Fattorelli fala sobre a fabricação da crise econômica para justificar os cortes de desmonte de serviços públicos e investimentos sociais.
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Desde 1995 o Brasil gerou R$ 1 trilhão em superávit primário. Apesar disso, a dívida interna subiu de R$ 86 bilhões para quase R$ 4 trilhões, denuncia a coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli.

A atual crise, segundo Fattorelli, foi fabricada pelo custo da política monetária. Para ela, a economia de R$ 1 trilhão pretendida pela reforma da Previdência é apenas um valor que deixará de ser pago em aposentadorias, a maior parte (cerca de R$ 870 bilhões) do regime geral da Previdência, no qual 9 entre 10 aposentados recebem até dois salários mínimos.

“Essa reforma não é para combater privilégios; R$ 870 bilhões vão sair dos mais pobres, do Regime Geral da Previdência. Os outros 20% que se pretende economizar vão sair de servidores públicos porque ele pretende aumentar a alíquota”, alertou, segundo a Agência Câmara.

A coordenadora participou de audiência pública nesta semana na Comissão de Seguridade Social. A reforma da Previdência, alerta Fattorelli, foi proposta para resolver uma falsa crise provocada pelo Banco Central, que realiza elevadas despesas com juros. Ela acrescentou que, ao tirar R$ 1 trilhão da economia, o governo vai aprofundar a crise.

Também na Câmara, o técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) José Celso Júnior afirmou que a proposta de reforma do governo foi feita em bases conceituais equivocadas. “A aprovação dessa reforma gera não só um aumento desmesurado da desproteção social, uma catástrofe humana em potencial, como ela joga a economia brasileira numa trajetória de longo prazo de estagnação”, criticou.

Segundo ele, o governo passa a impressão equivocada que, aprovada a reforma da previdência, vai se acordar “a fada da confiança do mercado” e tudo vai ser resolvido. Celso Júnior também criticou os “objetivos ocultos” do governo com a reforma como retardar o acesso à aposentadoria e demais direitos previdenciários e reduzir o valor e a duração dos benefícios.