Tragédias escancaram o lado mais perverso das privatizações

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A passagem do ciclone extra-tropical na semana passada pela Região Sudeste escancarou como a privatização da energia elétrica deteriorou a qualidade do serviço e aumentou os preços. É uma realidade que muitos paulistanos enfrentam todos os dias. A privatização, justificada como condição de trazer eficiência e competitividade, e como forma de viabilizar o pagamento da questionável dívida pública, apenas nos trouxe mais dificuldades.

Pedra cantada: todos sabemos como funcionam as privatizações no Brasil, com venda a preço de banana a compradores que, em muitos casos, recorrem ao BNDES (dinheiro público) para financiar a compra. Para garantir lucros, precarizam serviços e cortam funcionários. O resultado é o que se vê, seja em casos como o recente apagão, seja como no caso de Mariana. (Leia o artigo aqui).

O que aconteceu com a energia em São Paulo é um exemplo da catastrófica política privatista neoliberal: desde que assumiu as operações em 2018, a Enel dobrou os lucros e cortou 34% dos funcionários. O efetivo caiu de 23,4 mil para 15,4 mil, com precarização do serviço e o resultado está aí: milhões de pessoas sem energia elétrica, alimento estragando nas casas e nos comércios, prejuízos milionários, pessoas impedidas de trabalhar, sem comunicação com a família.

Enquanto isso, os sócios celebram os lucros recordes. Mas será que serão responsabilizados? Ou a exemplo do que ocorreu em Mariana (Minas Gerais), vão passar ilesos? Porque quando problemas ocorrem na iniciativa privada, a mídia comercial pouco fala dos nomes dos responsáveis, como no caso da fraude das Lojas Americanas, em que quase nenhum meio de comunicação citou os sócios Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles como responsáveis. E, se você não sabe, conforme mostra reportagem de um jornal, os mesmos que faliram as Americanas COMPRARAM A ELETROBRÁS. É São Paulo piscando para todo o Brasil: “Eu sou você amanhã!”.

E por falar em Minas Gerais, o Governador Zema governa com o único objetivo de “enxugar o estado” que, em outras palavras, quer dizer entregar os serviços públicos para iniciativa privada. Na mira, está a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que opera a rede de transmissão de energia no Estado.

A receita do desastre é conhecida, por isso o povo brasileiro não pode deixar que seu patrimônio seja privatizado e tem que ir além, precisa lutar para que os serviços privatizados sejam reestatizados, com iniciativas como o da Organização Change.org em São Paulo.

O grupo lançou um abaixo assinado para que o governo considere a reestatização dos serviços de energia elétrica em São Paulo e na região metropolitana. “Isso não é apenas sobre preços justos; é sobre garantir um serviço básico essencial para todos os cidadãos”. Acesse aqui e assine.

Movimentos pela reestatização de serviços públicos têm se proliferado pelo Brasil, como mostra este vídeo da Opera Mundi “O APAGÃO DA ENEL EM SÃO PAULO: HORA DE REESTATIZAR?”.

Este chat no Whatsapp que debate a reestatização chamado “Privatização Nunca mais” também é exemplo desta mobilização.

Vamos dar voz a estes movimentos, vamos lutar contra as privatizações, vamos cobrar a reestatização de serviços para que não se destrua, em instantes, o que o Brasil levou décadas para construir, em benefício de poucos milionários, sob a justificativa de pagar uma ínfima parcela de uma dívida pública em grande parte ilegítima.